A identidade cristã nos dias atuais

segunda-feira, 11 de maio de 2020

33. ANSIEDADE


“Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas” (Mateus 6.3)


O Sermão do Monte não é algo remoto ou teórico, mas aborda as questões práticas da vida pessoal privada, bem como com a Igreja em particular e com a sociedade em geral. O cristão tem muitos problemas que exercem pressão sobre sua vida; assim sendo, o tema central é o perigo representado pelo mundanismo, pelo atrativo das riquezas e a possibilidade de sermos derrotados pela mentalidade do mundo atual. Há dois aspectos aqui a considerar: aquilo que o crente faz em particular e o que faz em público.
Parece que, ao dizer "não ajunteis tesouros na terra", Jesus se dirigia principalmente a pessoas ricas, em condições de colecionar tesouros neste mundo. Na divisão ora estudada, a abrangência é maior, pois se refere tanto à parte abastada da Cristandade quanto à mais pobre; esta talvez não tenha como juntar tesouros na terra, mas está exposta ao perigo de ficar ansiosa por eles. Um grande perigo para as duas partes está em alguém concentrar a sua atenção sobre essas coisas, ficando oprimido e obcecado pelo que é visível, coisas que pertencem exclusivamente ao tempo e ao mundo presente, e deixando de lado o que deveria ser o primeiro objetivo da busca, o Reino de Deus e a sua justiça.
Aqui, Jesus deixa implícito que devemos servir a Deus e não às riquezas. O presente texto apresenta uma espécie de visão lançada em duas direções simultâneas, o que gera a ansiedade. Tanto olhamos para as coisas terrenas que acabamos nos esquecendo de Deus, num dualismo de propósito, uma vida dupla, uma falsa cosmovisão. Jesus não está sugerindo que nunca devemos pensar sobre essas coisas de modo nenhum. Arar, semear, colher e juntar a colheita são atividades normais no homem do campo desde a queda do ser humano, que o levou a ganhar o seu sustento com o suor do seu corpo. As aves que voam não ficam empoleiradas, esperando o alimento, mas buscam-no sempre. Paulo alertou: “Se alguém não quiser trabalhar, também não coma”. Para o homem natural, nada é mais comum do que sentir-se ansioso, sobrecarregado e preocupado. Para o seguidor de Cristo, porém, isso não deve ser uma atitude comum, pois Jesus sabia que essas coisas tendem a dominar-nos, controlar-nos e escravizar-nos, razão pela qual repetiu sua advertência por três vezes.
Jesus faz uma declaração abrangente, envolvendo a totalidade do ser: sua saúde, energias físicas, sucesso e tudo quanto estiver acontecendo na sua vida. Após a razão geral, ele passa a subdividir a questão, dando-nos duas direções: a vida mais importante que a comida, e o corpo mais importante que a roupa. É como se Jesus tivesse dito: "Considerem essa sua vida, a respeito da qual vocês tendem a ficar ansiosos: Por que vocês têm essa vida? De onde ela veio?" A vida é um dom de Deus e o homem é incapaz de criá-la. Se a vida é o maior de todos os dons, será que Deus iria deixar de cuidar para que ela fosse sustentada e tivesse condições de continuar? Devo trabalhar, ganhar honestamente o sustento, mas nunca deverei ficar ansioso com a possibilidade de não ter o suficiente para a continuação da vida. Este é um argumento bíblico bastante comum, o argumento do maior para o menor: O doador da vida (maior) cuidará para que nos seja providenciado o sustento necessário para a mesma vida (menor). A geração moderna precisa ser alertada: não somos meros indivíduos lançados ou produzidos pelo suposto processo evolutivo. Deus interessa-se por cada um de nós; deveríamos sempre agradecer a Deus pela dádiva da vida, do alimento, da existência, do corpo, enfim, que ele nos deu. “Homens de pequena fé?” é uma expressão forte, mas Cristo conhecia a incapacidade do ser humano de compreender sua existência, bem como a vida do ponto de vista bíblico. Na mente de Deus, há um plano para cada vida humana, não devendo nós nos considerar um mero acidente. Deus coloca esse plano em execução segundo a sua vontade e não deveríamos ficar ansiosos acerca da vida, do sustento e da sua continuação.
Deus é o governante do universo. Somos conhecidos do Senhor um por um, estando em relação pessoal com ele. Os grandes heróis da fé Hebreus 11 não puderam compreender tudo quanto lhes acontecia, mas exclamavam: "Deus sabe de tudo, ele cuida de nós". Eles eram dotados da confiança definitiva de que, aquele que os tinha trazido à existência com um propósito benigno, não os deixaria nem abandonaria, mas sustentaria e guiaria por toda a jornada, até que o propósito estivesse consumado e ele os recolhesse na sua habitação celestial para todo o sempre. Não nos preocuparmos com a vida, a comida ou a bebida, nem com a roupa do corpo. Confiar na palavra do Senhor Jesus Cristo, pois assim desaparecerão os cuidados, as preocupações, as ansiedades, e, como filho de um Pai celestial, caminharemos em paz e serenidade na direção do lar eterno.

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