“Busquem,
pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas
lhes serão acrescentadas” (Mateus
6.3)
O Sermão do Monte não é algo remoto ou teórico,
mas aborda as questões práticas da vida pessoal privada, bem como com a Igreja
em particular e com a sociedade em geral. O cristão tem muitos problemas que
exercem pressão sobre sua vida; assim sendo, o tema central é
o perigo representado pelo mundanismo, pelo atrativo das riquezas e a
possibilidade de sermos derrotados pela mentalidade do mundo atual. Há dois
aspectos aqui a considerar: aquilo que o crente faz em particular e o que faz
em público.
Parece que, ao dizer "não ajunteis
tesouros na terra", Jesus se dirigia principalmente a pessoas ricas, em
condições de colecionar tesouros neste mundo. Na divisão ora estudada, a
abrangência é maior, pois se refere tanto à parte abastada da Cristandade
quanto à mais pobre; esta talvez não tenha como juntar tesouros na terra, mas
está exposta ao perigo de ficar ansiosa por eles. Um grande perigo para as duas
partes está em alguém concentrar a sua atenção sobre essas coisas, ficando oprimido
e obcecado pelo que é visível, coisas que pertencem exclusivamente ao tempo e
ao mundo presente, e deixando de lado o que deveria ser o primeiro objetivo da
busca, o Reino de Deus e a sua justiça.
Aqui, Jesus deixa implícito que devemos servir
a Deus e não às riquezas. O presente texto apresenta uma espécie de visão
lançada em duas direções simultâneas, o que gera a ansiedade. Tanto olhamos
para as coisas terrenas que acabamos nos esquecendo de Deus, num dualismo de
propósito, uma vida dupla, uma falsa cosmovisão. Jesus não está sugerindo que
nunca devemos pensar sobre essas coisas de modo nenhum. Arar, semear, colher e
juntar a colheita são atividades normais no homem do campo desde a queda do ser
humano, que o levou a ganhar o seu sustento com o suor do seu corpo. As aves
que voam não ficam empoleiradas, esperando o alimento, mas buscam-no
sempre. Paulo alertou: “Se alguém não quiser trabalhar, também não
coma”. Para o homem natural, nada é mais comum do que sentir-se
ansioso, sobrecarregado e preocupado. Para o seguidor de Cristo, porém, isso
não deve ser uma atitude comum, pois Jesus sabia que essas coisas tendem a
dominar-nos, controlar-nos e escravizar-nos, razão pela qual repetiu sua
advertência por três vezes.
Jesus faz uma declaração abrangente, envolvendo
a totalidade do ser: sua saúde, energias físicas, sucesso e tudo quanto
estiver acontecendo na sua vida. Após a razão geral, ele passa a subdividir a
questão, dando-nos duas direções: a vida mais importante que a comida, e o
corpo mais importante que a roupa. É como se Jesus tivesse dito:
"Considerem essa sua vida, a respeito da qual vocês tendem a ficar
ansiosos: Por que vocês têm essa vida? De onde ela veio?" A vida é um dom
de Deus e o homem é incapaz de criá-la. Se a vida é o maior de todos os dons,
será que Deus iria deixar de cuidar para que ela fosse sustentada e tivesse
condições de continuar? Devo trabalhar, ganhar honestamente o sustento, mas
nunca deverei ficar ansioso com a possibilidade de não ter o suficiente para a
continuação da vida. Este é um argumento bíblico bastante comum, o argumento
do maior para o menor: O doador da vida (maior) cuidará para que nos seja
providenciado o sustento necessário para a mesma vida (menor). A geração
moderna precisa ser alertada: não somos meros indivíduos lançados ou produzidos
pelo suposto processo evolutivo. Deus interessa-se por cada um de nós;
deveríamos sempre agradecer a Deus pela dádiva da vida, do alimento, da
existência, do corpo, enfim, que ele nos deu. “Homens de pequena fé?” é
uma expressão forte, mas Cristo conhecia a incapacidade do ser humano de
compreender sua existência, bem como a vida do ponto de vista bíblico. Na mente
de Deus, há um plano para cada vida humana, não devendo nós nos considerar um
mero acidente. Deus coloca esse plano em execução segundo a sua vontade e não
deveríamos ficar ansiosos acerca da vida, do sustento e da sua continuação.
Deus é o governante do universo. Somos
conhecidos do Senhor um por um, estando em relação pessoal com ele. Os grandes
heróis da fé Hebreus 11 não puderam compreender tudo quanto lhes acontecia, mas
exclamavam: "Deus sabe de tudo, ele cuida de nós". Eles eram dotados
da confiança definitiva de que, aquele que os tinha trazido à existência com um
propósito benigno, não os deixaria nem abandonaria, mas sustentaria e guiaria
por toda a jornada, até que o propósito estivesse consumado e ele os recolhesse
na sua habitação celestial para todo o sempre. Não nos preocuparmos com a
vida, a comida ou a bebida, nem com a roupa do corpo. Confiar na palavra
do Senhor Jesus Cristo, pois assim desaparecerão os cuidados, as preocupações,
as ansiedades, e, como filho de um Pai celestial, caminharemos em paz e
serenidade na direção do lar eterno.
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