“Por que você repara no cisco que
está no olho do seu irmão, e não se dá conta da viga que está em seu próprio
olho?” (Mateus 7.3)
Jesus vai agora mostrar suas razões para que não sejamos hipercríticos, e a primeira delas é "não julguem, para que não sejam julgados". Esta é uma razão eminentemente prática e pessoal e o seu significado é que "não sejam julgados por Deus". Lembremo-nos de que as palavras que estamos considerando foram endereçadas a pessoas crentes no Senhor Jesus, não a incrédulos.
Existem
nas Escrituras três tipos de julgamento. O primeiro deles tem resultado final e
eterno e determina a posição ou situação de um ser humano diante de Deus; é ele
que separa os bodes das ovelhas. O segundo julgamento se refere somente aos
filhos de Deus, exatamente por serem assim. Paulo, ao expor a doutrina da Ceia
do Senhor, disse que quem come e bebe da Ceia sem discernir o corpo, come e
bebe para sua própria condenação. Por isso, devemos julgar e condenar a nós
mesmos naquilo que estiver errado. Devemos andar nesta vida de uma forma
cautelosa, examinando-nos a nós mesmos, para que não sejamos alcançados por
esta forma de julgamento. Deus está conduzindo seus filhos à salvação e por
isso ele os disciplina. O terceiro julgamento, refere-se aos galardões e atinge
a todos os cristãos, ministros ou leigos. Embora esse julgamento não irá
determinar o destino eterno de nossa alma, ele o afetará.
Outro
ponto importante é o critério do julgamento. A razão para não julgarmos o
próximo é porque, se o fizermos, estaremos atraindo juízo contra nós mesmos e
estabelecendo o critério do nosso julgamento. Deus nos julgará em consonância
com os nossos padrões pessoais. O critério é que a quem muito foi dado,
muito será exigido e a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão.
Estamos provando através do nosso juízo acerca de outros que sabemos o que é
certo; assim sendo, se não praticarmos o que achamos correto, estaremos
condenando a nós mesmos. Segundo Tiago, quem se apresenta como autoridade terá
o critério correspondente aplicado no seu julgamento.
Jesus
usa a ironia ao falar sobre o cisco e a viga. Ao usar a figura, ele mostra que
a nossa intenção não é a retidão no juízo, pois, se fosse, julgaríamos antes a
nós mesmos. Se alguém afirma que seu único interesse é justiça e verdade,
e não visa especificamente a julgar ninguém, essa pessoa será tão crítica de si
mesma quanto de seus semelhantes. Normalmente a crítica humana não é voltada
para princípios, mas para pessoas. No tribunal de júri, o julgamento deve ser
objetivo, sem preconceitos e verdadeiro. Julgando pessoas, aparentemente
estamos preocupados com pequenos defeitos que alguém, o cisco, mas somos
incapazes de observar o grande obstáculo que nos impede a visão, a viga.
Não
existe órgão mais sensível do que o olho. Para tratar dele, requerem-se em um
oculista qualidades como simpatia, paciência, calma e tranquilidade. Pensando
no terreno espiritual, estaremos tratando com a alma, muito mais sensível que o
olho. Ninguém pode ser um oculista espiritual se não dispuser, ele mesmo, de
uma visão desimpedida e clara. Precisamos aprender a falar a "verdade em
amor". Aplicando o que Tiago disse, estejamos prontos para ouvir, sendo
demorados para falar e para nos irarmos. Guardemos bem isso: Não julguemos a nossos
semelhantes, a menos que primeiramente tenhamos julgado a nós mesmos.
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