A identidade cristã nos dias atuais

terça-feira, 12 de maio de 2020

38. OBSTÁCULOS À BOA VISÃO


“Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão, e não se dá conta da viga que está em seu próprio olho?” (Mateus 7.3)

Jesus vai agora mostrar suas razões para que não sejamos hipercríticos, e a primeira delas é "não julguem, para que não sejam julgados". Esta é uma razão eminentemente prática e pessoal e o seu significado é que "não sejam julgados por Deus". Lembremo-nos de que as palavras que estamos considerando foram endereçadas a pessoas crentes no Senhor Jesus, não a incrédulos.
Existem nas Escrituras três tipos de julgamento. O primeiro deles tem resultado final e eterno e determina a posição ou situação de um ser humano diante de Deus; é ele que separa os bodes das ovelhas. O segundo julgamento se refere somente aos filhos de Deus, exatamente por serem assim. Paulo, ao expor a doutrina da Ceia do Senhor, disse que quem come e bebe da Ceia sem discernir o corpo, come e bebe para sua própria condenação. Por isso, devemos julgar e condenar a nós mesmos naquilo que estiver errado. Devemos andar nesta vida de uma forma cautelosa, examinando-nos a nós mesmos, para que não sejamos alcançados por esta forma de julgamento. Deus está conduzindo seus filhos à salvação e por isso ele os disciplina. O terceiro julgamento, refere-se aos galardões e atinge a todos os cristãos, ministros ou leigos. Embora esse julgamento não irá determinar o destino eterno de nossa alma, ele o afetará.
Outro ponto importante é o critério do julgamento. A razão para não julgarmos o próximo é porque, se o fizermos, estaremos atraindo juízo contra nós mesmos e estabelecendo o critério do nosso julgamento. Deus nos julgará em consonância com os nossos padrões pessoais. O critério é que a quem muito foi dado, muito será exigido e a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão. Estamos provando através do nosso juízo acerca de outros que sabemos o que é certo; assim sendo, se não praticarmos o que achamos correto, estaremos condenando a nós mesmos. Segundo Tiago, quem se apresenta como autoridade terá o critério correspondente aplicado no seu julgamento.
Jesus usa a ironia ao falar sobre o cisco e a viga. Ao usar a figura, ele mostra que a nossa intenção não é a retidão no juízo, pois, se fosse, julgaríamos antes a nós mesmos. Se alguém afirma que seu único interesse é justiça e verdade, e não visa especificamente a julgar ninguém, essa pessoa será tão crítica de si mesma quanto de seus semelhantes. Normalmente a crítica humana não é voltada para princípios, mas para pessoas. No tribunal de júri, o julgamento deve ser objetivo, sem preconceitos e verdadeiro. Julgando pessoas, aparentemente estamos preocupados com pequenos defeitos que alguém, o cisco, mas somos incapazes de observar o grande obstáculo que nos impede a visão, a viga.
Não existe órgão mais sensível do que o olho. Para tratar dele, requerem-se em um oculista qualidades como simpatia, paciência, calma e tranquilidade. Pensando no terreno espiritual, estaremos tratando com a alma, muito mais sensível que o olho. Ninguém pode ser um oculista espiritual se não dispuser, ele mesmo, de uma visão desimpedida e clara. Precisamos aprender a falar a "verdade em amor". Aplicando o que Tiago disse, estejamos prontos para ouvir, sendo demorados para falar e para nos irarmos. Guardemos bem isso: Não julguemos a nossos semelhantes, a menos que primeiramente tenhamos julgado a nós mesmos.

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