A identidade cristã nos dias atuais

terça-feira, 12 de maio de 2020

39. JUÍZO ESPIRITUAL E DISCRIMINAÇÃO


 “Não deem o que é sagrado aos cães, nem atirem suas pérolas aos porcos; caso contrário, estes as pisarão e, aqueles, voltando-se contra vocês, os despedaçarão” (Mateus 7.6).

Já aprendemos que não devemos julgar o próximo, que devemos tirar a viga dos próprios olhos antes de ajudar o irmão com o cisco e que não devemos ser hipercríticos. No entanto, o verso acima parece contrastar com tudo o que se disse antes. Vamos procurar o perfeito equilíbrio das Escrituras.
Jesus criticou a hipercrítica, mas não disse que não devemos discriminar. É necessário reconhecer ciscos e vigas e distinguir entre indivíduo e indivíduo. As duas figuras usadas por Jesus foram o cão e o porco; o cão era o carniceiro das ruas, um animal meio selvagem, feroz e perigoso, não o bicho de estimação de hoje; o porco, na mente dos judeus, representava tudo quanto havia de mais imundo e por isso era repudiado. Jesus nunca tratou duas pessoas exatamente da mesma maneira. Fariseus e doutores da lei eram tratados de forma diferente de publicanos e pecadores. Jesus em nada modificava a verdade, mas variava o método de apresentação; assim também fizeram os apóstolos. Os judeus que rejeitaram a mensagem, como cães e porcos espirituais, foram deixados de lado pelos apóstolos, que então se voltaram para os gentios.
Precisamos reconhecer diferentes tipos de pessoas e aprender a discriminar entre esses tipos. Não podemos apresentar a verdade de forma mecânica, da mesma maneira para todos. As pessoas são diferentes e a mensagem precisa ser apresentada de forma diversificada. O Novo Testamento sempre ensinou a necessidade da preparação. Como disse Paulo, devemos nos tornar "tudo para com todos", para, de alguma forma, salvar alguns; ele se fazia judeu para com judeus e gentio para com os gentios. É preciso avaliar como apresentamos a verdade, pois o método de apresentação precisa variar de pessoa para pessoa. Para determinadas pessoas, certas coisas são ofensivas, embora não o sejam para outras. Alguns incrédulos devem ouvir inicialmente apenas a doutrina da justificação pela fé. A mulher samaritana queria discutir diversos assuntos, mas Jesus não o permitiu, fazendo-a pensar sobre si mesma, sua vida de pecados e a necessidade de salvação. Eleição e predestinação, ou outras doutrinas profundas da Igreja discutidas com uma pessoa ainda na incredulidade, ou mesmo para neófitos, não é boa prática.
O efeito do pecado e do mal sobre o ser humano torna-o um cão ou um porco quanto à verdade divina, numa atitude antagônica à mensagem de Deus. Trata-se de uma atitude que se entranha profundamente no ser humano, transformando-o em algo odioso diante da inocência, pureza, santidade e verdade divinas. A solução para essas pessoas é o novo nascimento no Reino de Deus. Outro ponto a considerar é a natureza da verdade, que é bastante variada, com muitas facetas. Precisamos crescer no conhecimento da complexidade da verdade, tendo fome e sede de doutrinas mais elevadas, caminhando em direção à nossa santificação. Por isso, disse Jesus aos que são capazes de entender: "Quem tem ouvidos para ouvir, ouça".
Seria medida certa colocarmos a Bíblia inteira ao alcance de pessoas que se enquadram como cães e porcos espirituais? Devemos estampar certos trechos das Escrituras em letreiros, principalmente aqueles que fazem alusão ao sangue de Cristo? A má compreensão e mesmo a rejeição à mensagem provocam às vezes seu uso como blasfêmia. Embora haja pessoas que se converteram independentemente de qualquer instrumentalidade humana, tal fato não é norma, pois o servo de Deus deve continuar expondo as Escrituras. Entretanto, temos que ter cautela quanto aos aspectos da verdade, lidando com pessoas diferentes. Somos guardiães e expositores da Bíblia; devemos estar preparados para tão grande responsabilidade, com estudo e oração. 
Como Felipe e o eunuco, Deus continua precisando de homens e mulheres como nós, que exponham a verdade para aqueles que não são capazes de compreender as Escrituras Sagradas. Equilíbrio e senso de proporção quanto a essas realidades devem ser mantidos, para que a exposição equilibrada e completa da mensagem de Deus seja bem-sucedida.

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