A identidade cristã nos dias atuais

quarta-feira, 13 de maio de 2020

43. FRUTOS REVELANDO FALSAS PROFECIAS


“Cuidado com os falsos profetas. Eles vêm a vocês vestidos de peles de ovelhas, mas por dentro são lobos devoradores. Vocês os reconhecerão por seus frutos” 
(Mateus 7.15-16a).

Como identificar a verdadeira profecia da falsa? Os "falsos profetas” não são apenas os heréticos. Pedro alerta para a sutileza da mensagem de falsos mestres, que introduziriam heresias destruidoras, negando o Salvador que os havia resgatado. A camuflagem do lobo em pele de cordeiro lembra esse perigo.
O falso profeta é um indivíduo gentil, agradável e atencioso, de ensino aparentemente equilibrado e usando um vocabulário cristão. Na falsa profecia, não há alusão a porta estreita ou caminho apertado, estando a sutileza mais no que não se diz do que no que se declara. Não se apresenta nada de realmente ofensivo para o homem natural, uma mensagem que agrade a todos, elogiada por liberais, modernistas, evangélicos e todos os demais. O discurso é sempre vago e genérico, nunca particularizando doutrinas: santidade, retidão, justiça e ira de Deus são assuntos evitados, prevalecendo a ideia do amor divino. Ocultar a verdade é tão repreensível e condenável quanto proclamar uma total heresia. A total pecaminosidade do pecado e a completa incapacidade do ser humano de salvar-se a si mesmo nunca são lembrados. Os falsos profetas referem-se à cruz mencionando superficialmente pessoas que a circundavam, numa abordagem sentimental, mas desconhecendo inteiramente o que Paulo chamou de "escândalo da cruz”. Não se enfatiza o arrependimento, mas cria-se a ilusão de uma estrada larga que conduz ao céu: basta ao indivíduo decidir-se por Cristo e então misturar-se à multidão. A santidade tem sido reduzida a algo fácil, seduzindo as pessoas, não se incentivando um auto-exame.
“Pelos seus frutos vocês os reconhecerão”. Árvore má não significa estragada, pois, se assim o fosse, não produziria fruto nenhum. Fruto mau não indica podridão, mas qualidade deficiente, produto que não pode ser utilizado. Jesus chamava a atenção para o perigo de nos deixamos enganar pelas aparências de alguém que apenas se assemelha a cristão. Existe uma ligação indissolúvel entre a crença e a vida: tal como o homem pensa, assim ele age. Inevitavelmente, proclamamos aquilo que somos e aquilo em que acreditamos. Os puritanos chamavam de "crentes temporários" aqueles que davam aparência de regeneração e conversão durante algum tempo. O indivíduo apenas superficialmente lavado pode dar a impressão de ser verdadeiro cristão, mas sua natureza íntima inevitavelmente acabará se manifestando externamente: o cão volta ao próprio vômito e a porca ao lamaçal.
Abordando a natureza ou o caráter do bom fruto, deveríamos nos preocupar acerca do estado da própria igreja, mais do que do estado do mundo lá fora. É possível encontrarmos uma pessoa boa, ética e moral, com elevadíssimos códigos e padrões de vida pessoal, "um bom ímpio”, parecendo cristão, mas não o sendo. Já se disse que parece haver melhores crentes fora da igreja do que dentro dela, significando que podem ser encontradas pessoas com excelente moralidade no mundo. Filósofos gregos do paganismo pregaram seus princípios morais antes do nascimento de Cristo, mas tornaram-se oponentes do evangelho, considerando a pregação da cruz uma loucura. Justiça humana não passa de trapos imundos aos olhos de Deus. Somente aquilo que resulta do caráter verdadeiramente cristão, da nova natureza, é que se reveste de qualquer valor aos olhos de Deus. O cristão deve ser exemplo das bem-aventuranças, pois o indivíduo que possui em seu interior a natureza divina, necessariamente produz bons frutos, os quais estão nelas descritos. Esse teste exclui os "bons ímpios", os "falsos profetas" e os "crentes temporários". O fruto que se forma em nós e que deve ser procurado na vida do cristão consiste em amor, paz, alegria, longanimidade, gentileza, bondade, mansidão, controle próprio e fé. Manifestar esse fruto do Espírito afeta o homem integralmente, seu traje e comportamento, sendo Deus sua única preocupação, bem como seu relacionamento com ele e com sua verdade.
Deus é o juiz e nunca se deixa enganar: toda árvore que não produz bons frutos é cortada e lançada ao fogo. Busquemos ter certeza de possuirmos a natureza divina, de que somos participantes dela, de que a nossa árvore é boa e por isso, o fruto dela também necessariamente tem que ser bom.

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