“Não julguem, para que vocês não sejam julgados. Pois
da mesma forma que julgarem, vocês serão julgados; e a medida que usarem,
também será usada para medir vocês” (Mateus 7.1-2).
No
Capítulo 7 de Mateus, segundo o pastor Jones, o tema é o juízo, repetido
várias vezes ao longo do Sermão do Monte. No capítulo 5, após a descrição do
cristão quanto ao seu caráter, o efeito exercido sobre ele do que acontece no
mundo e sua função de sal e luz, a focalização vai para a vida do cristão neste
mundo e sua relação com a lei. No capítulo 6 é descrita a comunhão entre o
cristão e o seu Pai Celeste. No capítulo 7, chegamos à seção final, tendo
sempre em mente que estamos vivendo sob os olhos do Pai. A questão final, o que
realmente importa, não é o que os homens pensam, mas o que Deus pensa de nós.
Nossa peregrinação está nos conduzindo a um juízo final, avaliação,
determinação e proclamação do destino eterno de nossa alma. Para o homem natural,
a existência terrena é a única vida que há, mas nós sabemos que a nossa
caminhada é apenas uma espécie de escola preparatória.
"Não julguem, para que vocês não sejam julgados": o que quis Jesus dizer ao afirmar que não devemos
julgar? A atmosfera da vida moderna, principalmente no aspecto religioso, torna
muito importante uma correta interpretação desta afirmação de Jesus. É uma
época na qual definições não são levadas a sério e o homem tem mostrado aversão
a raciocínio, teologia, doutrina ou dogma. "Paga-se qualquer preço por uma
vida sem conflitos", conforme alguns dizem. É época de conciliações, na
qual homens decididos não são apreciados por serem pessoas difíceis e que
sempre causam dificuldades. Houve épocas na história da igreja quando um homem
era elogiado por defender suas ideias a todo custo, mas isto não acontece
hoje. Alguns acham que não julgar é não exercer juízo algum, sendo suave,
indulgente e tolerante em suas atitudes, em nome da paz, da concórdia e da
unidade. Expressões dos versos seguintes rejeitam tal aplicação, como "não
dar pérolas aos porcos" e "acautelar-se de falsos
profetas". Se eu não julgar, não reconhecerei a ninguém pelos seus
frutos.
Em
relação à igreja, parece que vai longe o tempo quando ela era definida como um
lugar onde a Palavra de Deus era pregada, as ordenanças eram administradas e a
disciplina era exercida. As Escrituras aconselham o exercício da disciplina,
mas o mundo atual não a aprecia. Ao dizer "não julguem", Jesus
deveria estar ensinando que não devemos fazer avaliações com base em juízo
condenatório a ninguém. Evitando-se a tendência normal do ser humano de
condenar, muitas pessoas vão para o outro extremo, o da tolerância. A vida
cristã deverá ser sempre caracterizada pelo equilíbrio. O indivíduo deve
manter-se sempre equilibrado no centro da verdade, evitando erros extremados de
um e de outro lado.
Um
perigo a respeito do qual Jesus nos advertiu é a atitude da justiça
própria, um sentimento de superioridade que diz que estamos sempre com a
razão, enquanto os outros estão sempre errados. Temos a tendência de desprezar
o próximo com um constante espírito de censura. A crítica autêntica não é só
destrutiva, mas deve ser também construtiva e apreciativa. O homem de nossos
dias tem uma tendência para a hipercrítica. Na igreja, isso tem levado a
dificuldades para discernir o que é relevante e o que não é; existem questões
essenciais em conexão com a fé, sobre as quais não podemos tolerar qualquer
dúvida, ao passo que outras são indiferentes e jamais deveriam ser consideradas
com tanta importância. É preciso também estarmos atentos para não transformar
preconceitos em princípios, comprometendo o julgamento. Não temos o direito de
proferir qualquer juízo sem antes termos plena consciência dos fatos.
Em
última análise, devemos evitar a tendência de proferir juízo final com relação
a pessoas e fazê-los com relação a princípios. Nossa crítica deve ser
inteligente e, iluminadora, feita acerca de pontos de vistas ou teorias, de doutrinas
ou ensinamentos quanto à maneira de viver. No momento em que condenamos ou
desprezamos qualquer pessoa, estamos julgando e assumindo uma autoridade que
pertence a Deus e a mais ninguém. Nenhum de nós descansa sobre sua própria
justiça, mas sobre a retidão do Senhor Jesus Cristo, sem a qual estaríamos
condenados e perdidos. Condenamos a nós mesmos quando julgamos outras pessoas.
Deveríamos viver neste mundo como um povo que passou pelo julgamento, um povo
que agora vive na companhia de Cristo e que sabe que foi salvo por sua
admirável graça e misericórdia.
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