“Não se preocupem
com o amanhã, pois o amanhã trará as suas próprias preocupações. Basta a cada
dia o seu próprio mal” (Mateus
6.34).
Em livro algum seria
possível achar uma análise da preocupação, da ansiedade e dos cuidados
excessivos que abatem o ser humano neste mundo mais completa do que aquilo que
Jesus ensinou. Ao mencionar o amanhã, Jesus ampliou o alcance do assunto,
cobrindo a totalidade da vida. Jesus usou a expressão “não se
preocupem” relacionada a alimento, bebida e vestuário. Na sequência do
texto ele afirma: “Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino
de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas”. É como se ele houvesse dito: "Mudem a sua atitude e
vocês não terão qualquer necessidade de se preocupar com as coisas, pois elas
serão dadas a vocês; é preciso andar direito diante de Deus e ele cuidará de
vocês".
Preocupação (do
latim pré + ocupare, isto é, ocupar-se antes de) é um sentimento que nos leva a
nos ocuparmos com um problema antes que ele surja. Não temos os dados do problema,
não conhecemos seus números, mas começamos a fazer as contas antes da hora.
Quando o problema surgir (se surgir), talvez já estejamos desgastados de tantas
conjecturas na tentativa de resolvê-lo. Sofremos então com isso. E se ele não
surgir, por ser apenas uma possibilidade, teremos sofrido inutilmente. A preocupação
se apresenta como uma força que se apossa do ser humano. Em alguns casos, ela
pode resultar da atuação de espíritos malignos, pois o nosso adversário pode provar
pessoas de condição física abatida ou com tendência para a ansiedade excessiva.
Ao abordar o problema da preocupação e da ansiedade referente ao futuro, Jesus levanta
a seguinte questão: se o momento presente já é suficientemente mau, para que
nos preocuparmos com relação ao mal de amanhã? Ir enfrentando o mal de cada dia
é suficiente em si mesmo: contentemo-nos com isso. Como resultado do pecado,
sempre haverá alguns problemas na vida, pois o homem sabe que, a partir da
queda, teria de viver e comer o seu pão com o suor do seu rosto. Assim, cada
dia deve ser vivido como uma unidade. Algumas pessoas têm capacidade de
esquecer os equívocos do passado, mas outros gastam seu tempo na preocupação
com aquilo que já passou, ou mesmo a respeito do futuro, que ainda nem chegou.
Aqui está o dia de hoje; viva este dia no máximo das suas potencialidades. Deus
nos ajuda hoje, ajudará amanhã e no futuro. Precisamos aprender a apresentar ao
Senhor os nossos problemas na medida em que forem aparecendo, dia após dia, sem
jamais tentar atropelá-lo. “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e para sempre”.
“Não tenha medo do amanhã, pois Deus já está lá” não é uma afirmação bíblica,
mas certamente teve sua inspiração nas Escrituras.
Há uma
preocupação normal com o dia de amanhã: quando o agricultor está arando a
terra, ele se preocupa com o que faz, pois sabe que jamais conseguirá obter uma
colheita de forma automática: tem que arar a terra e cuidar da plantação e
eventualmente fazer uma colheita, juntando o produto em seus celeiros. Assim, o
homem precisa viver a sua vida neste mundo, em harmonia com a ordem dada pelo
próprio Senhor. Seu ensino, do princípio ao fim, é que nos convém fazer aquilo
que é certo, razoável, legítimo. No entanto, jamais deveríamos dedicar tantos
pensamentos e cuidados a essas coisas, ficando tão preocupados com elas ao
ponto de deixa-las dominar nossa vida ou limitar nossa utilidade no presente. Nada
existe nas Escrituras que indique ser errado alguém poupar dinheiro ou fazer
seguro de vida; no entanto, se eu viver constantemente pensando sobre seguro de
vida, ou conta bancária, ou poupança, estarei contrariando o ensino bíblico. Há
duas posturas extremas: uns dizem que o cristão deveria viver plenamente a sua
vida, sem tomar qualquer cuidado especial a respeito do futuro (uma espécie de carpe
diem); por outro lado, existem aqueles que insistem em ser errado levantar uma
coleta durante o culto na igreja, porquanto coisas dessa natureza deveriam ser
feitas mediante a fé.
Resumindo,
podemos afirmar que: Todas as coisas que temos estudado são aplicáveis
exclusivamente os crentes em Jesus. A preocupação excessiva sempre envolve a
falha de não aprendermos a lidar com nossa própria fé, pois ela não opera
automaticamente. Uma grande parte da fé consiste em recusar-se a aceitar pensamentos
ansiosos. Martim Lloyd Jones termina seu sermão dizendo: "No Deus em
quem confio quanto às necessidades do dia de hoje, confiarei amanhã. A fé
consiste em não nos deixarmos sobrecarregar, porquanto lançamos toda a nossa
carga sobre o Senhor. Que ele, em sua infinita graça, nos proporcione
sabedoria para pormos em execução esses simples, mas profundos princípios, para
que assim possamos regozijarmo-nos nele dia após dia".
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