A identidade cristã nos dias atuais

segunda-feira, 11 de maio de 2020

35. CAUSA E CURA DA PREOCUPAÇÃO

“Não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará as suas próprias preocupações. Basta a cada dia o seu próprio mal” (Mateus 6.34).

Em livro algum seria possível achar uma análise da preocupação, da ansiedade e dos cuidados excessivos que abatem o ser humano neste mundo mais completa do que aquilo que Jesus ensinou. Ao mencionar o amanhã, Jesus ampliou o alcance do assunto, cobrindo a totalidade da vida. Jesus usou a expressão “não se preocupem” relacionada a alimento, bebida e vestuário. Na sequência do texto ele afirma: Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas”. É como se ele houvesse dito: "Mudem a sua atitude e vocês não terão qualquer necessidade de se preocupar com as coisas, pois elas serão dadas a vocês; é preciso andar direito diante de Deus e ele cuidará de vocês".
Preocupação (do latim pré + ocupare, isto é, ocupar-se antes de) é um sentimento que nos leva a nos ocuparmos com um problema antes que ele surja. Não temos os dados do problema, não conhecemos seus números, mas começamos a fazer as contas antes da hora. Quando o problema surgir (se surgir), talvez já estejamos desgastados de tantas conjecturas na tentativa de resolvê-lo. Sofremos então com isso. E se ele não surgir, por ser apenas uma possibilidade, teremos sofrido inutilmente. A preocupação se apresenta como uma força que se apossa do ser humano. Em alguns casos, ela pode resultar da atuação de espíritos malignos, pois o nosso adversário pode provar pessoas de condição física abatida ou com tendência para a ansiedade excessiva. Ao abordar o problema da preocupação e da ansiedade referente ao futuro, Jesus levanta a seguinte questão: se o momento presente já é suficientemente mau, para que nos preocuparmos com relação ao mal de amanhã? Ir enfrentando o mal de cada dia é suficiente em si mesmo: contentemo-nos com isso. Como resultado do pecado, sempre haverá alguns problemas na vida, pois o homem sabe que, a partir da queda, teria de viver e comer o seu pão com o suor do seu rosto. Assim, cada dia deve ser vivido como uma unidade. Algumas pessoas têm capacidade de esquecer os equívocos do passado, mas outros gastam seu tempo na preocupação com aquilo que já passou, ou mesmo a respeito do futuro, que ainda nem chegou. Aqui está o dia de hoje; viva este dia no máximo das suas potencialidades. Deus nos ajuda hoje, ajudará amanhã e no futuro. Precisamos aprender a apresentar ao Senhor os nossos problemas na medida em que forem aparecendo, dia após dia, sem jamais tentar atropelá-lo. “Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e para sempre”. “Não tenha medo do amanhã, pois Deus já está lá” não é uma afirmação bíblica, mas certamente teve sua inspiração nas Escrituras.
Há uma preocupação normal com o dia de amanhã: quando o agricultor está arando a terra, ele se preocupa com o que faz, pois sabe que jamais conseguirá obter uma colheita de forma automática: tem que arar a terra e cuidar da plantação e eventualmente fazer uma colheita, juntando o produto em seus celeiros. Assim, o homem precisa viver a sua vida neste mundo, em harmonia com a ordem dada pelo próprio Senhor. Seu ensino, do princípio ao fim, é que nos convém fazer aquilo que é certo, razoável, legítimo. No entanto, jamais deveríamos dedicar tantos pensamentos e cuidados a essas coisas, ficando tão preocupados com elas ao ponto de deixa-las dominar nossa vida ou limitar nossa utilidade no presente. Nada existe nas Escrituras que indique ser errado alguém poupar dinheiro ou fazer seguro de vida; no entanto, se eu viver constantemente pensando sobre seguro de vida, ou conta bancária, ou poupança, estarei contrariando o ensino bíblico. Há duas posturas extremas: uns dizem que o cristão deveria viver plenamente a sua vida, sem tomar qualquer cuidado especial a respeito do futuro (uma espécie de carpe diem); por outro lado, existem aqueles que insistem em ser errado levantar uma coleta durante o culto na igreja, porquanto coisas dessa natureza deveriam ser feitas mediante a fé.
Resumindo, podemos afirmar que: Todas as coisas que temos estudado são aplicáveis exclusivamente os crentes em Jesus. A preocupação excessiva sempre envolve a falha de não aprendermos a lidar com nossa própria fé, pois ela não opera automaticamente. Uma grande parte da fé consiste em recusar-se a aceitar pensamentos ansiosos. Martim Lloyd Jones termina seu sermão dizendo: "No Deus em quem confio quanto às necessidades do dia de hoje, confiarei amanhã. A fé consiste em não nos deixarmos sobrecarregar, porquanto lançamos toda a nossa carga sobre o Senhor. Que ele, em sua infinita graça, nos proporcione sabedoria para pormos em execução esses simples, mas profundos princípios, para que assim possamos regozijarmo-nos nele dia após dia".

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