“Pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o
seu coração” (Mateus 6. 21).
O pecado é algo que exerce um efeito inteiramente perturbador e desorganizador no equilíbrio da
vida de um homem. Corpo, alma (ou mente) e espírito são as três partes
normalmente consideradas no ser humano, dentre as quais a porção mais elevada de
todas é o espírito. Em certo sentido, porém, o dote mais elevado que Deus
concedeu ao homem neste mundo é a mente, pois é através dela que as
coisas materiais são percebidas e analisadas pelo ser humano. O homem foi
criado por Deus para compreender, ser governado e controlado pelo seu
entendimento. Por isso, o homem, após a queda, não continua sendo governado por
sua mente e compreensão, mas sim pelos seus desejos, afetos e concupiscências,
em uma atitude desequilibrada.
Outro elemento a
considerar é que o pecado cega o ser humano no tocante a determinadas questões
vitais. Paulo afirma isso, ao dizer que "o deus deste século cegou o
entendimento dos incrédulos". O pecado cega a mente dos homens para as
coisas que são perfeitamente óbvias; uma delas é que nenhum dos tesouros
terrenos perdura, o homem não vai poder levar nenhum deles quando morrer. O
pecado também cega o ser humano no que diz respeito aos valores absoluto e
relativo das coisas. Somos criaturas presas ao tempo, mas estamos destinados a
viver na eternidade, não havendo comparação possível entre a importância
relativa do tempo e o valor absoluto da eternidade.
O homem mundano
está vivendo exclusivamente para si mesmo e para seus semelhantes, estando Deus
sendo esquecido na sua vida. O homem sempre tenta misturar coisas que não se
misturam. Antes de Cristo vir ao mundo, o filósofo Aristóteles afirmou que não
existem pontos intermediários entre dois pontos opostos: os opostos são
antagônicos e jamais se conseguirá obter um meio termo entre eles. Não se pode
servir a dois senhores: ou existe luz, ou prevalecem as trevas; o olho é bom ou
mau; servimos a Deus ou às riquezas. O homem natural não tem essa noção, mas a
igreja de Deus, durante muito tempo, tem procurado misturar determinados
valores incompatíveis uns com os outros. Se a igreja é uma sociedade de
natureza espiritual, então não nos podemos misturar com o mundo. Uma vez
que se perca a distinção entre o mundo e a Igreja, ela deixa de ser
verdadeiramente cristã. O pecado também reduz o homem a um escravo daquelas
coisas que foram criadas justamente para servi-lo: alimento, vestuário, família,
amigos e muitas outras coisas nos foram dados por Deus com o propósito de que
delas desfrutássemos. O efeito final do pecado sobre o homem é que ele arruína
completamente esse relacionamento. O homem moderno acredita que está sendo
dirigido pela sua mente, pela sua razão, e, com base nelas, rejeita a
existência de Deus. Vive exclusivamente para o presente. Não percebe que a luz
que nele existe se obscureceu. O racionalismo e o Iluminismo deixaram marcas
profundas no desenvolvimento do homem moderno e, infelizmente, também no seio
da Igreja. Se o homem natural vier a se converter, então a sua mente será
restaurada e ele se tornará um ser realmente racional. Na conversão, a
mente é libertada dessas distorções do mal e das trevas espirituais e então
consegue entender a verdade.
O indivíduo enganado
pelo pecado não somente vai descobrir, no final, que está de mãos vazias, mas
também que se enganou a si mesmo, que foi desviado do caminho reto por sua suposta
luz e que agora está do lado de fora da vida eterna e debaixo da ira de
Deus. O Espírito Santo pode mostrar-nos como nos convém ser libertos das
perversões e da poluição do pecado, tornando-nos homens e mulheres inteiramente
renovados, criados segundo o padrão do próprio Filho de Deus, capazes de amar
as realidades divinas, capazes de servir a Deus, e a Deus somente.
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