A identidade cristã nos dias atuais

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

14. SAL E LUZ

“Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus”
(Mateus 5.16).

“Vocês, porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pedro 2.9).
Já vimos o que somos; vamos agora considerar aquilo que devemos ser. O crente não é uma pessoa que vive isolada: estando do mundo, não pertence ao mundo, mas mantém certa relação com ele. Embora deva ter mente e perspectiva diferentes daquelas dos homens deste mundo, o cristão não deve alienar-se da vida ativa na sociedade em que vive. A função do crente no mundo é uma das mais urgentes questões com que se defrontam a igreja e o crente individual nesta nossa época. É um ensino importante em face da situação mundial vigente, pois, à medida em que o problema do pecado no mundo for se agravando, a possibilidade de perseguição aumenta. Por que devemos ser sal e luz? Porque isto é o que se espera de nós. O sal deve salgar e a luz deve iluminar. A cidade edificada sobre um monte não se pode esconder; se somos cristãos verdadeiros, não podemos nos ocultar. Se escondermos nossa natureza regenerada, nós nos tornaremos completamente inúteis. Sal e luz têm uma qualidade única e assim, uma vez que a percam, tornam-se perfeitamente inúteis. Não existe nenhuma outra coisa criada por Deus que seja tão completamente inútil quanto um crente meramente nominal. Ele não funciona nem como um indivíduo do mundo, nem como crente, sendo rejeitado pelo mundo e inútil para a Igreja. Se descobrirmos em nós mesmos tendência de esconder a nossa luz debaixo de um alqueire, então teremos de começar a examinar-nos, a fim de certificar-nos se somos realmente luz.
Como podemos saber se realmente estamos funcionando como sal e luz neste mundo? Em uma lâmpada antiga,  duas coisas eram necessárias: o azeite e o pavio. O azeite é algo imprescindível, representa a vida divina que Deus incute em nós. Temos certeza de que dispomos do azeite da vida, conforme somente o Santo Espírito de Deus pode dar? Precisamos passar horas em oração, meditação e estudo da Palavra, para mantermos nosso estoque de azeite completo. O segundo elemento da comparação, o pavio, precisava ser constantemente aparado para produzir boa luz. Isso nos leva à necessidade de relembrarmos constantemente as bem-aventuranças, ou seja, aquilo que somos pela graça de Deus, ou aquilo que ele espera que sejamos. Longe de querermos ser parecidos com este mundo, devemos procurar ser diferentes dele o máximo que pudermos. Em vez de nos tornarmos grosseiros, rudes, feios e vociferantes como o mundo, devemos nos tornar humildes, pacíficos e pacificadores em toda nossa conversa e conduta. O crente é essencialmente diferente dos homens do mundo.
Deve também haver em nós total ausência de ostentação e exibicionismo. Nossas obras devem ser boas, mas a glória é de Deus. O "eu" deve estar esquecido no meio da humildade de espírito, mansidão e de todas as outras virtudes. Ele precisa desaparecer, porque a causa é a glória do Senhor.
Ser sal e luz é uma atitude individual. A tarefa primordial da igreja é pregar o Evangelho e, quando a igreja começa a intervir nas lides políticas, sociais e econômicas, ela já se comprometeu quanto à ordem evangelizadora que Deus lhe deu. Que se permita ao crente individual desempenhar seu papel de cidadão, mas a igreja não deve se intrometer nem se preocupar com tais questões. O pecado é tão abominável em um capitalista quanto em um comunista, em um rico quanto em um pobre, e cabe à igreja atingir a cada indivíduo através de cada cristão.
Ser cristão no mundo não é fácil, pois ele não é do mundo, é forasteiro, peregrino. Seu caráter contradiz os valores mundanos, sendo por isso rejeitado e perseguido pelos do mundo. Ele está neste mundo com um propósito: dele participar sem se deixar influenciar: estar no mundo e não ser dele. O Reino de Cristo não é clube fechado, pois não pode haver salvação de pessoas sem o contato com elas, sem influenciá-las. Imitamos Jesus, mas como ele não devemos ser influenciados pelo pecado, mas influenciar os pecadores.