A identidade cristã nos dias atuais

quarta-feira, 13 de maio de 2020

44. FALSA PAZ


“Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus” (Mateus 7.21).

A mensagem em foco requer a nossa maior atenção por ter sido proferida pelo próprio Filho de Deus; se fossem ditas por outra pessoa, essas palavras poderiam ser criticadas ou condenadas. Elas são extremamente solenes e serão verdadeiramente consideradas quando todos comparecerem diante de Deus no dia do julgamento final.
O vocativo “Senhor” é absolutamente correto, mas devemos estar cientes do que estamos dizendo ao chamarmos a Deus de Senhor, pois aqueles que assim o fazem entrarão no Reino de Deus, mas nem todos. Houve demônios que chamaram a Jesus de Senhor crendo e tremendo. Há pessoas que aceitam intelectualmente os ensinos da Palavra de Deus, mas não os praticam realmente. É possível aceitar um ensino bíblico como filosofia, uma verdade abstrata; no entanto, pode-se chegar a esse ponto e não ser convertido. É uma falsa paz, que nos leva a confiar mais na própria fé do que em Cristo. Pessoas criadas em lar e atmosfera cristãos, tendo ouvido sempre essas verdades e aceitando-as mentalmente, muitas vezes não são crentes no Senhor Jesus. Além disso, a repetição do vocativo "Senhor, Senhor" denota não apenas cristãos intelectuais, mas fortemente sentimentais. Uma das coisas mais difíceis é saber distinguir entre o fervor verdadeiramente espiritual e o meramente carnal. Há pessoas que hoje são classificadas como "carismáticas", tanto pregadores quanto leigos. O homem mais voltado para o lado emocional tende a chorar quando ora, mas isso não indica que seja mais espiritual do que as demais pessoas. Esse entusiasmo não reflete necessariamente maior espiritualidade, mas pode ser carnalidade.
Há uma lista apresentada por Jesus de coisas que os homens realizam em seu nome e ela começa por profecia, que significa emissão de uma mensagem espiritual. É possível um homem pregar doutrina correta, em nome de Cristo, e estar excluído do Reino de Deus: é o joio pregando ao trigo na igreja. No Antigo Testamento, Balaão e Saul foram exemplos disso. Paulo lutava para que, pregando a outros, não fosse ele mesmo desqualificado. A lista continua falando em exorcismo, em expelir demônios em nome de Cristo. Isto pode ter acontecido com o próprio Judas Iscariotes, pois ele participava do grupo dos setenta discípulos que regressaram proclamando terem feito tal coisa. O Novo Testamento fala em judeus exorcistas, mas, nem por isso, faziam parte do Reino de Deus. A lista termina mencionando muitos milagres, obras poderosas, prodígios, coisas admiráveis e incríveis. No Egito, os mágicos foram capazes disso, e o próprio Jesus alertou que, nos últimos tempos, surgiriam falsos cristos e profetas operando sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios eleitos. O ponto culminante disso será o aparecimento do Anticristo.
Um homem pode ser capaz de alegar que obteve grandes resultados, como curas e coisas similares, e isso não significar nada. Existem forças que estão sendo pesquisadas em nossos dias, como eletricidade, telepatia, transferência de pensamento, percepção extra-sensorial, coisas ainda não inteiramente explicáveis. Os poderes naturais do ser humano podem imitar o poder do Espírito Santo até certo ponto, e o próprio Deus pode conceder poderes aos homens segundo sua vontade. Temos que considerar ainda o poder do diabo, de persuadir pessoas de que são crentes quando na realidade não são“Alegrem-se, não porque os espíritos se submetem a vocês, mas porque seus nomes estão escritos nos céus”, alertou Lucas.
Não devemos pesar somente as aparências externas, mas também a realidade interior, que é a única coisa que realmente conta diante de Deus. O Sermão do Monte é um verdadeiro roteiro para isso. Que Deus nos proporcione honestidade, ao enfrentarmos o julgamento do qual teremos que participar, quando toda a cena terrestre houver desaparecido e estivermos diante de Deus.

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