“Nem todo
aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos céus, mas apenas
aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus” (Mateus 7.21).
A mensagem em foco requer a nossa maior atenção por ter sido proferida pelo próprio Filho de Deus; se fossem ditas por outra pessoa, essas palavras poderiam ser criticadas ou condenadas. Elas são extremamente solenes e serão verdadeiramente consideradas quando todos comparecerem diante de Deus no dia do julgamento final.
O
vocativo “Senhor” é absolutamente correto, mas devemos estar cientes do que
estamos dizendo ao chamarmos a Deus de Senhor, pois aqueles que assim o fazem
entrarão no Reino de Deus, mas nem todos. Houve demônios que chamaram a Jesus
de Senhor crendo e tremendo. Há pessoas que aceitam intelectualmente os ensinos
da Palavra de Deus, mas não os praticam realmente. É possível aceitar um ensino
bíblico como filosofia, uma verdade abstrata; no entanto, pode-se chegar a esse
ponto e não ser convertido. É uma falsa paz, que nos leva a confiar mais na
própria fé do que em Cristo. Pessoas criadas em lar e atmosfera cristãos, tendo
ouvido sempre essas verdades e aceitando-as mentalmente, muitas vezes não são
crentes no Senhor Jesus. Além disso, a repetição do vocativo "Senhor,
Senhor" denota não apenas cristãos intelectuais, mas fortemente sentimentais.
Uma das coisas mais difíceis é saber distinguir entre o fervor verdadeiramente
espiritual e o meramente carnal. Há pessoas que hoje são classificadas como
"carismáticas", tanto pregadores quanto leigos. O homem mais voltado
para o lado emocional tende a chorar quando ora, mas isso não indica que seja
mais espiritual do que as demais pessoas. Esse entusiasmo não reflete necessariamente
maior espiritualidade, mas pode ser carnalidade.
Há
uma lista apresentada por Jesus de coisas que os homens realizam em seu nome e
ela começa por profecia, que significa emissão de uma mensagem
espiritual. É possível um homem pregar doutrina correta, em nome de Cristo,
e estar excluído do Reino de Deus: é o joio pregando ao trigo na igreja. No Antigo
Testamento, Balaão e Saul foram exemplos disso. Paulo lutava para que, pregando
a outros, não fosse ele mesmo desqualificado. A lista continua falando em exorcismo,
em expelir demônios em nome de Cristo. Isto pode ter acontecido com o
próprio Judas Iscariotes, pois ele participava do grupo dos setenta discípulos
que regressaram proclamando terem feito tal coisa. O Novo Testamento fala em
judeus exorcistas, mas, nem por isso, faziam parte do Reino de Deus. A lista
termina mencionando muitos milagres, obras poderosas, prodígios, coisas
admiráveis e incríveis. No Egito, os mágicos foram capazes disso, e o
próprio Jesus alertou que, nos últimos tempos, surgiriam falsos cristos e
profetas operando sinais e prodígios para enganar, se possível, os próprios
eleitos. O ponto culminante disso será o aparecimento do Anticristo.
Um
homem pode ser capaz de alegar que obteve grandes resultados, como curas e
coisas similares, e isso não significar nada. Existem forças que estão sendo
pesquisadas em nossos dias, como eletricidade, telepatia, transferência de
pensamento, percepção extra-sensorial, coisas ainda não inteiramente explicáveis.
Os poderes naturais do ser humano podem imitar o poder do Espírito Santo até
certo ponto, e o próprio Deus pode conceder poderes aos homens segundo sua
vontade. Temos que considerar ainda o poder do diabo, de persuadir pessoas de
que são crentes quando na realidade não são. “Alegrem-se, não porque os espíritos se
submetem a vocês, mas porque seus nomes estão escritos nos céus”, alertou Lucas.
Não
devemos pesar somente as aparências externas, mas também a realidade interior,
que é a única coisa que realmente conta diante de Deus. O Sermão do Monte é um
verdadeiro roteiro para isso. Que Deus nos proporcione honestidade, ao
enfrentarmos o julgamento do qual teremos que participar, quando toda a cena
terrestre houver desaparecido e estivermos diante de Deus.
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