“Bem-aventurados
os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos” (Mateus
5.6).
“Abençoados
são vocês, que sentem fome de Deus. Ele é comida e bebida – é alimento
incomparável” (Bíblia Mensagem).
Humildade
em espírito, choro e mansidão são os degraus iniciais antes de se chegar à fome
e sede de justiça. Nas três bem-aventuranças anteriores, voltamos a atenção
para a solução dos problemas a fim de sermos libertados do “eu”. Na
bem-aventurança atual, embora infelizes quanto ao nosso estado espiritual,
ansiamos por uma nova ordem e qualidade de vida até agora não experimentada na
convivência com Deus e com os semelhantes.
Qual é a
causa da dor, da infelicidade e do senso de miséria dos homens? Pascal e
Dostoieviski referiram-se em suas obras ao “vazio do tamanho de Deus
existente no ser humano”. Para preencher esse vazio, o mundo (e
infelizmente também alguns cristãos) buscam alguma bênção ou a decantada
felicidade, colocando bênção e felicidade antes da Justiça. Felicidade e bênção
são coisas que Deus acrescenta àqueles que buscam a sua justiça.
A palavra
“justiça” neste contexto representa a busca por aquilo que é eterno e
celestial, deixando de lado as coisas comuns e perecíveis. Em primeiro lugar, o
homem deve se libertar da busca pelas coisas terrenas antes que possa sentir o
fervor pelas coisas celestiais. A busca pela justiça não se trata, porém,
de uma espécie de retidão geral ou de moralidade entre as nações. O conceito do
Evangelho sobre justiça é muito mais profundo do que isso.
Assim que o
Espírito de Deus lhe dá vida e o faz realmente bem-aventurado, o homem começa a
almejar a justiça diante de Deus. Ele sabe que é um pecador e está condenado no
tribunal do Altíssimo. Mas ele quer ser justo, deseja ser livre do pecado
e estar em paz com Deus. Ter fome e sede de justiça é desejar se livrar do
próprio eu, buscando a santificação ao assemelhar-se a Cristo. Ter fome e sede
de justiça significa ter consciência das próprias necessidades.
Ao tomar
contato com o evangelho, as pessoas tendem a levantar duas objeções quanto à
salvação pela graça; ou elas dizem “isto é facilitar demais as coisas”, ou
afirmam, após tomarem conhecimento da necessidade de santificação, “isto torna
a salvação uma empreitada impossível para nós”. Para as pessoas, ser justo
significa apenas ser decente e moral até um determinado nível. Para o cristão,
ser justo significa ser parecido com o Senhor Jesus Cristo. A satisfação
imediata após a fome e sede de justiça vem através do perdão dos nossos
pecados, pela presença do Espírito em nós ajudando a nossa santificação e pela
perfeição absoluta na glorificação. Estamos vivendo nesta direção?
Temos
apetite espiritual ao sentirmos fome e sede de justiça quando percebemos o
quanto é falsa a nossa própria justiça, temos consciência da necessidade de um
Salvador, evitamos nos expor ao pecado (mesmo evitando praticar
coisas que diminuam nosso apetite espiritual) embora não sejam totalmente más,
buscamos a justiça diariamente ou nos dedicamos à leitura da Bíblia e à oração
e meditação. Apesar de tudo isso, porém, vamos estar longe do objetivo e
necessitar da graça de Deus, pois o que nos leva a ter fome e sede de
justiça é o caráter hediondo do pecado. Os que têm fome e sede de justiça serão
fartos com toda a plenitude de Deus.
Como posso
ser visto como justo diante de Deus? Jesus Cristo foi tornado por Deus para nós
em “justificação, santificação e redenção”. O cristão, depois de regenerado e
justificado, ainda anseia pela justiça noutro sentido: quer ser
santificado. Se você crê em Cristo, se foi perdoado dos seus pecados, você
não está mais sujeito à lei, mas debaixo da graça, Deus não mais contempla o
seu pecado, mas olha para a justiça do sangue de Cristo em você. Isto vai
prosseguir enquanto você busca a estatura de varão perfeito neste mundo, até
que é promessa tenha um cumprimento final e absoluto na eternidade, quando
todos os salvos em Cristo estarão na presença de Deus sem culpa, sem defeito,
sem mancha, sem ruga. Esta é a gloriosa promessa para todos os que têm fome e sede
de justiça, pois finalmente serão fartos.