“Se Deus veste assim a erva do campo,
que hoje existe e amanhã é lançada ao fogo, não vestirá muito mais a vocês,
homens de pequena fé?” (Mateus 6:30).
Ao usar a expressão “homens de pequena fé”, Jesus não disse que seus seguidores não têm fé, mas sim têm-na de forma inadequada, insuficiente. Esta crítica do Salvador foi dirigida aos cristãos, público alvo, aliás, de todo o Sermão do Monte. O surgimento do evangelho dividiu a humanidade em dois grupos: os crentes em Cristo e os incrédulos. O evangelho tem dois aspectos, um positivo e um negativo. Para o mundo incrédulo, a parte negativa da mensagem do evangelho é que os homens estão debaixo da ira de Deus, que nada podem esperar deste mundo, exceto miséria e infelicidade, guerras e rumores de guerras, e que jamais conhecerão a verdadeira paz. A parte positiva da mensagem do evangelho é que todos podem ser abençoados por Deus com a salvação através da fé em Cristo. Dirigindo-se, no texto em estudo, aos que tinham fé inadequada e insuficiente, Jesus queria conduzi-los a uma fé mais profunda.
Cristãos que só
possuem a fé salvadora, a fé apenas na salvação dada por Deus ao homem,
deixam de usufruir muitas bençãos da vida cristã, estando, além disso, mais
sujeitos às preocupações e ansiedades já mencionadas. Todos nós deveríamos ter
por alvo na vida uma fé maior. O que há de errado com a fé para que ela seja
pequena? Primeiramente, fé pequena é uma fé confinada apenas a certa esfera da
vida, à questão da salvação de nossas almas. O povo evangélico geralmente para
nesse aspecto e como consequência, no
dia-a-dia, vive derrotado, mostrando pouca diferença entre suas vidas e aquelas
dos que não são crentes em Cristo. Ansiosos e apreensivos, amoldam-se a este
mundo em muitas coisas: são pessoas preocupadas com o alimento, a bebida e o vestuário.
A verdadeira fé é aquela que se estende e se amplia para todos os aspectos da
vida. É como se alguns cristãos cressem no Senhor Jesus Cristo, mas não em suas
promessas. Ter pequena fé equivale a estarmos sendo dominados e controlados
pelas circunstâncias externas, em vez de as dirigirmos. A "pequena
fé" também poderia ser chamada de "incapacidade de pensar",
quando permitimos que os infortúnios da vida dominem os nossos pensamentos, em
vez de refletirmos claramente sobre nossa vida diária, encarando-a com firmeza
e vendo-a em sua totalidade.
“Onde está sua fé?”,
perguntou Jesus em certa ocasião aos seus seguidores, no mar, em plena
tempestade. Importa que tenhamos uma fé maior e mais ampla. Os ímpios nada
sabem acerca da revelação de Deus em Jesus Cristo e do caminho da salvação. Sua
perspectiva de vida é inteiramente limitada aos seus próprios pensamentos,
precisando daquela luz que somente é dada lá do alto. Há entre eles os que
imaginam que tudo quanto nos acontece é puramente acidental, contingencial. Não
há propósito na vida, nem qualquer padrão, ordem ou arranjo. Outros creem no
fatalismo, o extremo oposto, que ensina o “que será, será”, que aquilo que tem
que acontecer, acontecerá. "Contingência" e "fatalismo"
expressam bem o ponto de vista ímpio desta vida. Esses dois pontos de vista, no
entanto, às vezes influenciam os cristãos, que deveriam viver sempre com base
na doutrina da "certeza" da vontade de Deus. Como temos reagido
diante dos problemas? Se somos diferentes do mundo, também temos que ter pontos
de vista diferentes e reações correspondentes. Já foi dito que o cristão é uma
pessoa que faz mais do que as outras; caso contrário, ele é apenas um homem com
pequena fé. O crente em Cristo deve exercer disciplina e controle sobre si
mesmo, pois enxerga todas as coisas dentro do contexto de Deus e da eternidade.
Nossa crença é que o nosso Pai Celeste sabe que precisamos de muitas coisas
necessárias. Por isso, ansiedade e preocupação não deveriam ter lugar em nossa
vida. Devemos, portanto, nos concentrar na tarefa de aperfeiçoarmos a nossa
relação com Deus como nosso Pai Celeste, buscando em primeiro lugar o seu Reino
e a sua justiça e confiando que as demais coisas ele nos acrescentará. Foi o
que Jesus nos ensinou na oração do Pai Nosso.
O livro de
Hebreus nos lembra que sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem dele se
aproxima precisa crer que ele existe e que recompensa aqueles que o buscam. Se
vocês querem tanto buscar a Deus, deveriam ansiar a respeito de sua própria
condição espiritual, sua proximidade com o Criador e seu relacionamento com
ele. Se você der a isso lugar prioritário, então desaparecerão todas as suas
preocupações. A sua fé se amplia quando você coloca a pessoa de Deus no centro
da sua vida, bem como sua glória, o estabelecimento do seu Reino, seu
relacionamento e intimidade com ele. Nisto consiste a busca pela santificação,
pela “estatura de varão perfeito”.
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