A identidade cristã nos dias atuais

quinta-feira, 14 de maio de 2020

50. CONCLUSÃO


“Quando Jesus acabou de dizer essas coisas, as multidões estavam maravilhadas com o seu ensino, porque ele as ensinava como quem tem autoridade, e não como os mestres da lei” (Mateus 7.28-29).

Há vinte séculos, os ensinos de Cristo no Sermão do Monte provocaram os efeitos registrados no texto acima: multidões maravilhadas com a autoridade com que Cristo se expressava. A partir de agora, o foco do texto deixa de ser o sermão e é transferido para o Pregador. Parece que o auditório original do Sermão do Monte reagiu melhor à sua pregação do que os leitores do mesmo texto nos dias hoje, dois mil anos após ter sido ela proferida.
A autoridade do Sermão do Monte está na pessoa do Pregador, Jesus Cristo, o próprio Filho de Deus encarnado. A perfeita estrutura do sermão, a beleza da expressão, os impressionantes quadros ilustrativos são admiráveis, mas acima de tudo sobressai a autoridade de quem pregou. Jesus ensinava as multidões com conhecimento e autoridade, e não como escribas, fariseus e doutores da lei. Autoridade, confiança e segurança naquilo que dizia faziam de Jesus um mestre admirável que surpreendeu seu auditório até o fim. Ele apresentou-se diante de seus ouvintes como o único verdadeiro intérprete da lei. Ao incluir a sua pessoa no texto do ensino, Jesus não fez no Sermão apenas referências indiretas, mas também alusões diretas, quando disse, por exemplo: "Vocês são bem aventurados quando, por minha causa, forem injuriados, perseguidos..." Pelas Escrituras, sabemos que aquele que estava sentado no monte ensinando o povo é o mesmo que no fim haverá de assentar-se no trono da sua glória, quando todas as nações tiverem de comparecer diante dele para ouvir o seu julgamento.
As multidões que ouviram ao Senhor Jesus ficaram maravilhadas com sua doutrina. O texto não esclarece nada além disso; não sabemos se muitos o seguiram ou o que aconteceu depois disso. Existem hoje pessoas que nem ao menos ficam admiradas diante do Sermão do Monte. Cristo não veio simplesmente para nos transmitir uma lei mais recente, nem estava dizendo aos homens como deveriam viver. O Sermão do Monte é muito mais difícil de ser posto em prática que a própria legislação mosaica, não tendo existido até hoje qualquer ser humano capaz de a observar por inteiro. No sermão, Jesus condenou qualquer confiança em nossos esforços próprios para a obtenção da salvação; ele ensinou que precisamos de algo novo: renascimento, natureza e vida.
O objetivo de Cristo neste Sermão é o de levar o povo evangélico a perceber sua natureza ou caráter como um povo e mostrar-lhes como aplicar esses conhecimentos na vida diária. O Reino que Cristo veio estabelecer é totalmente diferente de qualquer outro que o mundo já tinha visto antes, um Reino de luz, dos céus, o Reino de Deus. O sermão começa com as bem-aventuranças, as características que o cidadão do Reino de Deus deve possuir. Ao nos apropriarmos das bem-aventuranças, tornamo-nos sal e luz para um mundo que se putrefaz e jaz em trevas. Os ouvintes haviam ouvido o que Moisés havia recebido como texto legal da própria trindade divina, deturpado pelos doutores da lei; Cristo veio para ensinar o verdadeiro espírito que havia além da dura letra da lei. A falsa profecia, a árvore dos maus frutos e a construção da casa sobre a areia servem de alerta final e de testes da fé.
À medida que subimos o Monte do Sermão, vamos podendo descortinar cenários mais amplos na caminhada da vida cristã. Começando com as bem-aventuranças como primeiro degrau, até a opção entre rocha ou areia, em um lugar mais alto no monte, o cristão tem a oportunidade de conhecer melhor os desafios da sua caminhada rumo à santificação. Não é fácil viver neste mundo mesmo com a presença de Deus na vida. “Diz o tolo em seu coração: ‘Deus não existe!’”, afirma o salmista, denotando que a vida sem ele e mesmo a negação da sua existência é loucura. O ser humano precisa preencher o seu vazio existencial e o único ser que pode ocupar todo o espaço de forma satisfatória é Deus. Precisamos conhecê-lo, amá-lo, temê-lo e viver seus ensinos, tão bem expostos no Sermão do Monte. 

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