“Quando Jesus acabou de dizer essas coisas, as
multidões estavam maravilhadas com o seu ensino, porque ele as ensinava como
quem tem autoridade, e não como os mestres da lei” (Mateus 7.28-29).
Há
vinte séculos, os ensinos de Cristo no Sermão do Monte provocaram os efeitos
registrados no texto acima: multidões maravilhadas com a autoridade com que
Cristo se expressava. A partir de agora, o foco do texto deixa de ser o sermão
e é transferido para o Pregador. Parece que o auditório original do Sermão do
Monte reagiu melhor à sua pregação do que os leitores do mesmo texto nos dias hoje,
dois mil anos após ter sido ela proferida.
A
autoridade do Sermão do Monte está na pessoa do Pregador, Jesus Cristo, o
próprio Filho de Deus encarnado. A perfeita estrutura do sermão, a beleza da
expressão, os impressionantes quadros ilustrativos são admiráveis, mas acima de
tudo sobressai a autoridade de quem pregou. Jesus ensinava as multidões com
conhecimento e autoridade, e não como escribas, fariseus e doutores da lei.
Autoridade, confiança e segurança naquilo que dizia faziam de Jesus um mestre
admirável que surpreendeu seu auditório até o fim. Ele apresentou-se diante de
seus ouvintes como o único verdadeiro intérprete da lei. Ao incluir a sua
pessoa no texto do ensino, Jesus não fez no Sermão apenas referências
indiretas, mas também alusões diretas, quando disse, por exemplo: "Vocês
são bem aventurados quando, por minha causa, forem injuriados,
perseguidos..." Pelas Escrituras, sabemos que aquele que estava sentado no
monte ensinando o povo é o mesmo que no fim haverá de assentar-se no trono da
sua glória, quando todas as nações tiverem de comparecer diante dele para ouvir
o seu julgamento.
As
multidões que ouviram ao Senhor Jesus ficaram maravilhadas com sua
doutrina. O texto não esclarece nada além disso; não sabemos se muitos o
seguiram ou o que aconteceu depois disso. Existem hoje pessoas que nem ao menos
ficam admiradas diante do Sermão do Monte. Cristo não veio simplesmente para
nos transmitir uma lei mais recente, nem estava dizendo aos homens como
deveriam viver. O Sermão do Monte é muito mais difícil de ser posto em prática
que a própria legislação mosaica, não tendo existido até hoje qualquer ser
humano capaz de a observar por inteiro. No sermão, Jesus condenou qualquer
confiança em nossos esforços próprios para a obtenção da salvação; ele ensinou
que precisamos de algo novo: renascimento, natureza e vida.
O
objetivo de Cristo neste Sermão é o de levar o povo evangélico a perceber sua
natureza ou caráter como um povo e mostrar-lhes como aplicar esses
conhecimentos na vida diária. O Reino que Cristo veio estabelecer é totalmente
diferente de qualquer outro que o mundo já tinha visto antes, um Reino de luz,
dos céus, o Reino de Deus. O sermão começa com as bem-aventuranças, as
características que o cidadão do Reino de Deus deve possuir. Ao nos apropriarmos
das bem-aventuranças, tornamo-nos sal e luz para um mundo que se putrefaz e jaz
em trevas. Os ouvintes haviam ouvido o que Moisés havia recebido como texto
legal da própria trindade divina, deturpado pelos doutores da lei; Cristo veio para
ensinar o verdadeiro espírito que havia além da dura letra da
lei. A falsa profecia, a árvore dos maus frutos e a construção da casa sobre a
areia servem de alerta final e de testes da fé.
À
medida que subimos o Monte do Sermão, vamos podendo descortinar cenários mais
amplos na caminhada da vida cristã. Começando com as bem-aventuranças como
primeiro degrau, até a opção entre rocha ou areia, em um lugar mais alto no
monte, o cristão tem a oportunidade de conhecer melhor os desafios da sua
caminhada rumo à santificação. Não é fácil viver neste mundo mesmo com a
presença de Deus na vida. “Diz o tolo em seu coração: ‘Deus não existe!’”,
afirma o salmista, denotando que a vida sem ele e mesmo a negação da sua
existência é loucura. O ser humano precisa preencher o seu vazio existencial e
o único ser que pode ocupar todo o espaço de forma satisfatória é Deus.
Precisamos conhecê-lo, amá-lo, temê-lo e viver seus ensinos, tão bem expostos
no Sermão do Monte.
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