“Bem-aventurados os
pobres em espírito... os que choram... os mansos... os que têm fome e sede
de justiça... os misericordiosos... os puros de coração... os
pacificadores... os perseguidos por causa da justiça...” (Mateus 5)
A partir de
um monte, Deus proclamou a Lei, e é sobre um monte que Jesus a explica. O
Cristo de Deus é o Pregador do Sermão do Monte. Sendo o Salvador, ele era o
mais capacitado para responder à pergunta “quem são os salvos?” ou ainda “quais
são as marcas e evidências de uma obra de graça na alma?” A última palavra do
Antigo Testamento é “maldição”, e é muito sugestivo que o primeiro sermão do
ministério de Nosso Senhor comece com a palavra “bem-aventurados”. As
bem-aventuranças estão, em todos os casos, no tempo presente, representando uma
felicidade que deve ser gozada e desfrutada a partir de agora, nesta vida e
neste mundo, embora pareça difícil.
“As
montanhas sempre foram associadas com épocas distintas da história do povo de
Deus... Era conveniente, portanto, que o início do ministério do Redentor
estivesse vinculado a um monte tal como ‘a Colina das Bem-aventuranças’” (Spurgeon).
O grande
alvo que a humanidade busca parece ser a felicidade, como se ela fosse o maior
de seus objetivos. A frase “Felicidade é...” aparece em muitos lugares com
vários complementos, mas a vasta maioria, infelizmente, busca-a de tal modo que
ela só produz o infortúnio, dado o caráter totalmente enganador do pecado. O
indivíduo perfeitamente capaz de obedecer a todas as determinações do sermão do
Monte é aquele com a mente esclarecida quanto ao caráter essencial de um
crente. Ele é o homem que deveria ser congratulado e imitado, pois somente ele
é o homem verdadeiramente bem-aventurado, um homem feliz.
Todos os
cristãos devem ser assim, sejam eles pastores ou leigos. Cada um de nós deveria
manifestar conjuntamente todas essas qualidades ao mesmo tempo. Não são
tendências naturais humanas, pois pessoa alguma apresenta tais características
espirituais por nascimento ou natureza. As bem-aventuranças propõem a diferença
essencial e total entre o crente e o incrédulo. Tal distinção tem sido nublada,
pois a igreja se tem mundanizado. A linha divisória não é mais tão distinta
como costumava acontecer no passado. Há uma tendência de tornar a igreja mais
atrativa para quem está do lado de fora e a ideia é que nós devemos nos tornar
o mais parecido possível com quem está na realidade do mundo. Quando a igreja é
absolutamente diferente do mundo, ela inevitavelmente atrai as pessoas: esta é
a glória do Evangelho. Não deveríamos ambicionar ser o mais parecido possível
com todo mundo; pelo contrário, deveríamos ambicionar ser o mais diferentes
possível daqueles que não são crentes, buscando nos assemelhamos a Cristo.
O cristão e
o incrédulo pertencem a dois reinos inteiramente diversos: o cristão vive ao
mesmo tempo em dois mundos diferentes, com cidadania terrena e celestial. Ele
está no mundo, mas não pertence a ele. A primeira e a última das
bem-aventuranças dizendo “...
porque deles é o reino dos céus”. Mateus escreveu aos judeus que esperavam
um messias temporal, mas Jesus veio trazer um Reino Espiritual.
Já fazemos
parte deste reino? Estamos sendo governados por Cristo? Ele já é o nosso Rei e
Senhor? Estamos manifestando as qualidades recomendadas pelo Sermão do Monte em
nossas vidas? Estamos sendo verdadeiramente abençoados? É nossa grande ambição
agir assim? Percebemos que isso é o que se espera de nós? Estamos sendo
verdadeiramente abençoados? Somos felizes? Já fomos fartos? Obtivemos a paz?
“Quando
percebeu que seu ministério começava a atrair multidões imensas, Jesus subiu a
uma montanha. Solicitou aos que estavam aprendendo com ele que o acompanhassem.
Quando chegaram a um lugar bem tranquilo, ele se assentou e começou a ensinar
aos seus companheiros de caminhada...” Esta é a forma como “A
Mensagem", Bíblia em linguagem contemporânea coordenada por Eugene
Peterson, traduz os dois primeiros versos do quinto capítulo de Mateus.
Hoje Jesus também solicita a todos nós, cristãos do século XXI que com ele
estamos aprendendo, que o acompanhemos e que ouçamos os seus ensinos, contidos
no Sermão do Monte, principiando com as bem-aventuranças.