A identidade cristã nos dias atuais

quarta-feira, 19 de junho de 2019

2. BEM-AVENTURANÇAS

“Bem-aventurados os pobres em espírito... os que choram... os mansos... os que têm fome e sede de justiça... os misericordiosos... os puros de coração... os pacificadores... os perseguidos por causa da justiça...” (Mateus 5)

“As montanhas sempre foram associadas com épocas distintas da história do povo de Deus... Era conveniente, portanto, que o início do ministério do Redentor estivesse vinculado a um monte tal como ‘a Colina das Bem-aventuranças’” (Spurgeon).
O grande alvo que a humanidade busca parece ser a felicidade, como se ela fosse o maior de seus objetivos. A frase “Felicidade é...” aparece em muitos lugares com vários complementos, mas a vasta maioria, infelizmente, busca-a de tal modo que ela só produz o infortúnio, dado o caráter totalmente enganador do pecado. O indivíduo perfeitamente capaz de obedecer a todas as determinações do sermão do Monte é aquele com a mente esclarecida quanto ao caráter essencial de um crente. Ele é o homem que deveria ser congratulado e imitado, pois somente ele é o homem verdadeiramente bem-aventurado, um homem feliz.
Todos os cristãos devem ser assim, sejam eles pastores ou leigos. Cada um de nós deveria manifestar conjuntamente todas essas qualidades ao mesmo tempo. Não são tendências naturais humanas, pois pessoa alguma apresenta tais características espirituais por nascimento ou natureza. As bem-aventuranças propõem a diferença essencial e total entre o crente e o incrédulo. Tal distinção tem sido nublada, pois a igreja se tem mundanizado. A linha divisória não é mais tão distinta como costumava acontecer no passado. Há uma tendência de tornar a igreja mais atrativa para quem está do lado de fora e a ideia é que nós devemos nos tornar o mais parecido possível com quem está na realidade do mundo. Quando a igreja é absolutamente diferente do mundo, ela inevitavelmente atrai as pessoas: esta é a glória do Evangelho. Não deveríamos ambicionar ser o mais parecido possível com todo mundo; pelo contrário, deveríamos ambicionar ser o mais diferentes possível daqueles que não são crentes, buscando nos assemelhamos a Cristo.
O cristão e o incrédulo pertencem a dois reinos inteiramente diversos: o cristão vive ao mesmo tempo em dois mundos diferentes, com cidadania terrena e celestial. Ele está no mundo, mas não pertence a ele. A primeira e a última das bem-aventuranças dizendo “... porque deles é o reino dos céus”. Mateus escreveu aos judeus que esperavam um messias temporal, mas Jesus veio trazer um Reino Espiritual.
Já fazemos parte deste reino? Estamos sendo governados por Cristo? Ele já é o nosso Rei e Senhor? Estamos manifestando as qualidades recomendadas pelo Sermão do Monte em nossas vidas? Estamos sendo verdadeiramente abençoados? É nossa grande ambição agir assim? Percebemos que isso é o que se espera de nós? Estamos sendo verdadeiramente abençoados? Somos felizes? Já fomos fartos? Obtivemos a paz?
A partir de um monte, Deus proclamou a Lei, e é sobre um monte que Jesus a explica. O Cristo de Deus é o Pregador do Sermão do Monte. Sendo o Salvador, ele era o mais capacitado para responder à pergunta “quem são os salvos?” ou ainda “quais são as marcas e evidências de uma obra de graça na alma?” A última palavra do Antigo Testamento é “maldição”, e é muito sugestivo que o primeiro sermão do ministério de Nosso Senhor comece com a palavra “bem-aventurados”. As bem-aventuranças estão, em todos os casos, no tempo presente, representando uma felicidade que deve ser gozada e desfrutada a partir de agora, nesta vida e neste mundo, embora pareça difícil.
“Quando percebeu que seu ministério começava a atrair multidões imensas, Jesus subiu a uma montanha. Solicitou aos que estavam aprendendo com ele que o acompanhassem. Quando chegaram a um lugar bem tranquilo, ele se assentou e começou a ensinar aos seus companheiros de caminhada...” Esta é a forma como “A Mensagem", Bíblia em linguagem contemporânea coordenada por Eugene Peterson, traduz  os dois primeiros versos do quinto capítulo de Mateus. Hoje Jesus também solicita a todos nós, cristãos do século XXI que com ele estamos aprendendo, que o acompanhemos e que ouçamos os seus ensinos, contidos no Sermão do Monte, principiando com as bem-aventuranças.