A identidade cristã nos dias atuais

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

25. OBRAS DE JUSTIÇA

"Tenham o cuidado de não praticar suas "obras de justiça" diante dos outros para serem vistos por eles. Se fizerem isto, vocês não terão nenhuma recompensa do Pai celestial" (Mateus 6.1).

Uma nova sessão se inicia em Mateus capítulo 6. Após as bem-aventuranças, a reação do cristão diante do mundo (e do mundo diante dele), bem como a relação entre o cristão e a lei de Deus, encontramos agora o quadro de um cristão que vive sua vida neste mundo na presença de Deus, em ativa submissão e completa dependência a ele. É o quadro dos filhos de Deus na relação com seu Pai Celeste, enquanto avançam na peregrinação chamada vida. Precisamos considerar dois aspectos principais neste capítulo: o primeiro, dos versos 1 a 18, cobre nossa vida religiosa, a nutrição da alma, nossa piedade, nossa adoração, enfim, tudo o que diz respeito ao nosso relacionamento com Deus; o segundo, do verso 19 até o fim do capítulo, refere-se ao cristão em sua relação para com a vida em geral, não apenas religiosa, mas como alguém sujeito a circunstâncias, lidando com as coisas do mundo. A vida do cristão neste mundo é entremeada de problemas; o capítulo em estudo sonda-nos e examina-nos, segurando um espelho diante nós, não nos permitindo escapar das verdades ali referidas. O autoexame, o conhecer-se a si mesmo, é a forma de conhecimento mais dolorosa que uma pessoa pode ter.
O primeiro versículo acima citado serve de introdução à mensagem contida no trecho até o verso 18. Nele Jesus anuncia o princípio geral que governa a vida religiosa do crente, que pode ser entendida em três segmentos: a maneira como dou esmolas, a natureza da minha vida de oração e o modo pelo qual mortifico a carne. São meras ilustrações usadas por Jesus para esclarecer os princípios gerais.
O princípio fundamental é guardar-se de fazer esmola – ou de exercer suas obras de justiça – diante dos homens. A vida cristã é delicada na sua natureza, dependendo sempre de um bom equilíbrio e estabilidade: não devemos ser pessoas que se exibam, nem pessoas excessivamente discretas na sociedade, devendo evitar ambos os extremos. O homem natural está sempre escolhendo entre agradar a si mesmo, ao seu semelhante ou a Deus, mas a nossa escolha já foi aqui debatida: as nossas boas obras devem ser vistas pelos homens, mas a glória é de Deus. O nosso relacionamento com Deus e a sua presença constante em nossa vida devem estar sempre em nossa mente.
Quanto a dar esmolas, Jesus mostra que existe uma maneira errada e uma certa de o fazermos. A maneira errada é anunciando abertamente o ato, e a resposta a isso por parte dos outros é a única recompensa que terão os que assim procedem. A maneira certa de dar esmolas é não anunciar de forma alguma aquilo que estiver fazendo, se possível nem a si mesmo. Neste caso, podemos esperar que o galardão venha de Deus.
Você não deve manter qualquer escrituração de suas “obras de justiça”: deixe Deus fazer isso em seu lugar. Ele tudo vê, tudo registra e o recompensará devidamente. O Senhor mantém em dia os seus livros de escrituração e, no grande dia da revelação dos segredos dos homens, quando o livro for aberto, todos os detalhes de tudo quanto tiver sido feito para glorificar a Deus será proclamado, quando as palavras forem ditas: "Muito bem, servo bom e fiel, entra no gozo do teu Senhor". Conservemos os olhos bem abertos quanto a esta cena final, e jamais nos olvidemos de que estamos vivendo continuamente na presença de Deus e sob seu olhar. Assim sendo, vivamos somente para agradar a ele.