“Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não
profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos
muitos milagres?’ Então eu lhes direi claramente: Nunca os conheci.
Afastem-se de mim vocês, que praticam o mal!” (Mateus 7.22-23)
Hipocrisia inconsciente é uma falsa devoção criada no inconsciente do ser humano, sem interferência, portanto, da sua mente. Corresponde ao fingimento de uma virtude ou de um sentimento louvável que não se tem. Auto ilusão é uma falsa aparência, um engano dos sentidos ou da mente, que faz com que se tome uma coisa por outra, que se interprete erradamente um fato ou sensação. Hipocrisia inconsciente e auto-ilusão são dois temas que nos levam a um falso cristianismo. O Dia do Julgamento será realmente de muitas surpresas: pessoas que se mostravam ortodoxas em suas crenças, fazendo obras admiráveis, mas que foram condenadas por Cristo, faziam parte do seu auditório há dois mil anos e continuam fazendo parte dele hoje.
A hipocrisia consciente é muito fácil de se
encontrar na igreja atual; a inconsciente, no entanto, quando a pessoa
não só engana a outros, mas chega a enganar-se a si mesma numa auto ilusão, é
mais difícil. É possível que um homem chame a Deus de “Senhor”, profira a
mensagem certa e, no entanto, viva um tipo de vida que indique claramente que
nem ao menos é cristão. A Bíblia nos adverte para examinarmos a nós mesmos,
provando para verificar se estamos na fé ou se somos reprovados. João
afirma que aquele que diz que conhece a Jesus e não guarda os seus
mandamentos é mentiroso. É possível a um homem pregar o evangelho de maneira
ortodoxa, mas, por motivos pessoais, visar à sua própria glória e
autossatisfação. Há os que vivem a vida cristã com base em um ativismo que,
advindo a adversidade ou a enfermidade, acabam por descobrir que sua vida se
tornou vazia e que todos os recursos desapareceram.
Convém perguntar a nós mesmos: O que está
mantendo a minha vida? Um dos piores perigos que nos ameaçam a alma consiste em
meramente vivermos com base em nossos próprios esforços. O perigo é aceitarmos
aquilo que a Bíblia ensina na teoria, mas não colocarmos na prática. Empregamos
conceitos humanos em vez de espirituais, argumentando que as Escrituras foram
escritas há muito tempo e que muita coisa mudou.
Mudanças do mundo moderno têm levado a igreja à
relativização, buscando-se uma contextualização da mensagem para justificar tal
conduta. O método de pregação do evangelho é outro fator a ser
considerado, pois devemos pregar a Palavra com sobriedade, gravidade, em temor
e tremor, na dependência do Espírito e de poder, conforme alerta Paulo. Não
devemos usar linguagem persuasiva de sabedoria humana, como muitos são tentados
a fazer. Assim, por causa de supostos resultados, o claro ensinamento das
Escrituras é posto de lado. Se os resultados forem bons, dizem alguns, o método
por trás dele também deve ser, ou seja, "o fim justifica os meios".
Finalmente, é preciso reconhecer que a única
coisa que realmente importa é o nosso relacionamento com Cristo, o juiz cuja
opinião a nosso respeito é o que vale. "Nunca vos conheci": as
pessoas que ouvirem esta frase no Dia do Juízo terão feito muitas coisas
mediante seu próprio poder e energia, sem a intermediação de Cristo. Aquilo que
Deus quer é o que as Escrituras chamam de o nosso coração, o homem
interior, a nossa submissão. Ele não quer as nossas oferendas, o nosso
sacrifício, mas "a nós" mesmos. Estaremos insultando a Deus, quando
dissermos fervorosamente "Senhor, Senhor", mostrando-nos ocupados e
ativos, mas negando a ele lealdade e submissão autênticas, retendo o controle
sobre nossas vidas e permitindo que nossas próprias opiniões e argumentos
controlem o que fazemos e como o fazemos. O Salvador tem direito à totalidade
de nossas vidas, sem qualquer limite, exercendo controle sobre as grandes e
pequenas coisas. Precisamos cuidar para que o falso cristianismo não tenha
sido assimilado por nós, quer ministros, quer leigos. Examinemos solenemente a
nós mesmos, à luz destas realidades.
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