A identidade cristã nos dias atuais

quarta-feira, 13 de maio de 2020

45. PSEUDO-CRISTIANISMO


“Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres?’ Então eu lhes direi claramente: Nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês, que praticam o mal!” (Mateus 7.22-23)

Hipocrisia inconsciente é uma falsa devoção criada no inconsciente do ser humano, sem interferência, portanto, da sua mente. Corresponde ao fingimento de uma virtude ou de um sentimento louvável que não se tem. Auto ilusão é uma falsa aparência, um engano dos sentidos ou da mente, que faz com que se tome uma coisa por outra, que se interprete erradamente um fato ou sensação. Hipocrisia inconsciente e auto-ilusão são dois temas que nos levam a um falso cristianismo. O Dia do Julgamento será realmente de muitas surpresas: pessoas que se mostravam ortodoxas em suas crenças, fazendo obras admiráveis, mas que foram condenadas por Cristo, faziam parte do seu auditório há dois mil anos e continuam fazendo parte dele hoje.
A hipocrisia consciente é muito fácil de se encontrar na igreja atual; a inconsciente, no entanto, quando a pessoa não só engana a outros, mas chega a enganar-se a si mesma numa auto ilusão, é mais difícil. É possível que um homem chame a Deus de “Senhor”, profira a mensagem certa e, no entanto, viva um tipo de vida que indique claramente que nem ao menos é cristão. A Bíblia nos adverte para examinarmos a nós mesmos, provando para verificar se estamos na fé ou se somos reprovados. João afirma que aquele que diz que conhece a Jesus e não guarda os seus mandamentos é mentiroso. É possível a um homem pregar o evangelho de maneira ortodoxa, mas, por motivos pessoais, visar à sua própria glória e autossatisfação. Há os que vivem a vida cristã com base em um ativismo que, advindo a adversidade ou a enfermidade, acabam por descobrir que sua vida se tornou vazia e que todos os recursos desapareceram.
Convém perguntar a nós mesmos: O que está mantendo a minha vida? Um dos piores perigos que nos ameaçam a alma consiste em meramente vivermos com base em nossos próprios esforços. O perigo é aceitarmos aquilo que a Bíblia ensina na teoria, mas não colocarmos na prática. Empregamos conceitos humanos em vez de espirituais, argumentando que as Escrituras foram escritas há muito tempo e que muita coisa mudou.
Mudanças do mundo moderno têm levado a igreja à relativização, buscando-se uma contextualização da mensagem para justificar tal conduta. O método de pregação do evangelho é outro fator a ser considerado, pois devemos pregar a Palavra com sobriedade, gravidade, em temor e tremor, na dependência do Espírito e de poder, conforme alerta Paulo. Não devemos usar linguagem persuasiva de sabedoria humana, como muitos são tentados a fazer. Assim, por causa de supostos resultados, o claro ensinamento das Escrituras é posto de lado. Se os resultados forem bons, dizem alguns, o método por trás dele também deve ser, ou seja, "o fim justifica os meios".
Finalmente, é preciso reconhecer que a única coisa que realmente importa é o nosso relacionamento com Cristo, o juiz cuja opinião a nosso respeito é o que vale. "Nunca vos conheci":  as pessoas que ouvirem esta frase no Dia do Juízo terão feito muitas coisas mediante seu próprio poder e energia, sem a intermediação de Cristo. Aquilo que Deus quer é o que as Escrituras chamam de o nosso coração, o homem interior, a nossa submissão. Ele não quer as nossas oferendas, o nosso sacrifício, mas "a nós" mesmos. Estaremos insultando a Deus, quando dissermos fervorosamente "Senhor, Senhor", mostrando-nos ocupados e ativos, mas negando a ele lealdade e submissão autênticas, retendo o controle sobre nossas vidas e permitindo que nossas próprias opiniões e argumentos controlem o que fazemos e como o fazemos. O Salvador tem direito à totalidade de nossas vidas, sem qualquer limite, exercendo controle sobre as grandes e pequenas coisas. Precisamos cuidar para que o falso cristianismo não tenha sido assimilado por nós, quer ministros, quer leigos. Examinemos solenemente a nós mesmos, à luz destas realidades.

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