A identidade cristã nos dias atuais

terça-feira, 19 de novembro de 2019

21. JURAMENTOS

“Mas eu lhes digo: Não jurem de forma alguma...” 
(Mateus 5. 34a)

Será que deveríamos considerar o juramento – uma simples questão de comunicação e de como falar com os outros – tão importante, quando existem problemas tão grandes no mundo moderno? Segundo o Novo Testamento, tudo o que o cristão faz e diz é muito importante, por ser ele quem é e pelo efeito que isso deve exercer sobre seus semelhantes.

O Antigo Testamento, em Êxodo, Deuteronômio e Levítico, afirma sobre juramento:“Não tomarás em vão o nome do Senhor, o teu Deus, pois o Senhor não deixará impune quem tomar o seu nome em vão”. “Temam o Senhor, o seu Deus, e só a ele prestem culto, e jurem somente pelo seu nome”. “Não jurem falsamente pelo meu nome, profanando assim o nome do seu Deus. Eu sou o Senhor”. Os antigos diziam e os doutores da Lei repetiam: "Não jurarás falso, mas cumprirás rigorosamente para com o Senhor os teus juramentos". Esta não é uma declaração que possa ser encontrada no Antigo Testamento, mas pode estar ligada a diferentes fontes da Torá. Tratava-se, portanto, de uma reformulação feita pelos doutores da lei.

Com relação aos juramentos, a própria lei mosaica procurava frear as inclinações humanas para a mentira. Um dos piores problemas enfrentados por Moisés foi a tendência do povo de mentirem uns aos outros, tornando a vida caótica, pois não se podia confiar nas palavras e declarações alheias. Por isso, a lei procurava restringir os juramentos às questões sérias e importantes. Os israelitas deveriam ser lembrados de que eram o povo de Deus e que seus diálogos e conversas eram feitos sobre o olhar do Criador; os juramentos estavam incluídos nessa seriedade. A atitude de escribas e fariseus era ditada inteiramente pelo legalismo. Eles haviam distorcido o significado dos juramentos e parafraseado trechos bíblicos sobre o assunto. Segundo entendiam, um judeu podia fazer toda a espécie de juramentos, contanto que não viesse a cometer perjúrio.

O legalismo continua vivo entre nós e por isso todas essas questões são altamente relevantes. A santidade e o mundanismo são ambos definidos pelo mundo de forma muito diferente do que se vê no ensino bíblico. Os fariseus eram desonestos ao fazerem distinções entre juramento e juramento, dizendo que alguns deles eram obrigatórios, mas outros não. Jesus mostra aos seguidores da letra da lei o seu verdadeiro espírito. Ele não proibiu o uso do juramento, mas orientou a não o fazer pelo céu, pela terra, por Jerusalém ou pela própria cabeça. Ele proíbe o juramento por qualquer criatura ou coisa criada, pois tudo pertence a Deus. Proibiu também o uso de qualquer juramento na conversação comum, quando as nossas afirmativas devem se limitar a sim ou não, ou seja, à verdade pura. Infelizmente, no campo das relações internacionais, dentro de cada governo e até mesmo no meio das mais sagradas associações da vida, impera a mentira. Os homens têm olvidado o ensino de Jesus Cristo no tocante aos votos e aos juramentos, bem como quanto à veracidade comum, à verdade e à honestidade naquilo que se diz. A mentira não tem tamanho maior ou menor.

Na segunda metade do século XX, época de atuação mais intensa de Martyn Lloyd-Jones, a relativização das coisas já se fazia presente no mundo, mas isto se acentuou até a nossa época, quando o mundo intelectual não admite a existência da verdade absoluta. Não nos conformemos com o presente século pós-moderno, conforme alertou Paulo, mas procuremos nos transformar pela renovação do nosso entendimento, pois é muito mais fácil sermos influenciados pelo mundo do que o influenciar. O nosso discurso deve estar afinado com a nossa postura de vida. Sejam, portanto, as nossas palavras sim, sim; não, não; ou seja, a verdade absoluta, para que não passemos a relativizar, dizendo aquilo que vem do maligno.

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