A identidade cristã nos dias atuais

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

24. O QUE VOCÊ FAZ DE MAIS?


“Portanto, sejam perfeitos como perfeito é o Pai celestial de vocês”
(Mateus 5. 48).

Amar, bendizer, fazer bem e orar por nossos cônjuges, amigos, parentes, irmãos da igreja, pessoas caras a nós, conforme já foi dito, são ações que praticamos ou deveríamos praticar. No entanto, Jesus quer que caminhemos além disso, praticando as mesmas ações com relação ao inimigo.
O evangelho de Jesus Cristo é um paradoxo. O caráter paradoxal do Evangelho foi inicialmente enunciado por aquele homem idoso, Simeão, quando estava com Jesus, ainda bebê, nos seus braços, quando disse que o menino "está destinado tanto para ruína como para levantamento de muitos em Israel". Ruína e levantamento são dois efeitos que o evangelho sempre proporciona.
O cristão é essencialmente uma espécie especial de pessoa. Ele jamais poderá ser explicado em termos naturais, pois é, na sua essência, um enigma. O cristão é uma pessoa diferente das outras porque, com relação ao bem, ele faz o que as outras pessoas também fazem, mas vai além das ações delas. No entanto, ele não só faz mais do que as outras pessoas, mas faz o que o melhor homem natural não pode fazer. Para tanto, espera-se dele que seja semelhante a Jesus Cristo.
Em que o cristão deve ser diferente do homem natural? Em primeiro lugar, na sua maneira de pensar: o homem moral e ético deseja viver dentro dos limites estabelecidos pela lei, mas não leva em conta o espírito, a essência mais profunda da lei, que deve ser o alvo do cristão. Em relação à moralidade, a atitude do homem natural é geralmente negativa, procurando não praticar coisas erradas; o cristão deve ser sempre positivo, com fome e sede de justiça positiva, ou seja, a justiça do próprio Deus. Com relação ao pecado, um homem natural sempre o vê como resultado de coisas que são feitas ou que são omitidas; o cristão não visa apenas aos atos, mas vai aos propósitos do coração. Quanto à atitude com relação a si mesmo, o homem natural até admite que não é inteiramente perfeito; o cristão reconhece que, se não fosse a morte de Cristo, ele nunca veria a Deus. Quanto ao relacionamento com Deus, o homem natural pode até pensar nele como alguém que deve ser obedecido e temido; o cristão ama a Deus, porque já chegou a conhecê-lo como Pai. Quanto à prática do bem na vida diária, o homem natural geralmente faz muitas coisas boas, mas gosta de manter um registro delas; o cristão é alguém que dá sem calcular o custo, sacrificialmente, de modo que a mão esquerda nunca sabe o que a direita está fazendo. Diante das tribulações, o homem natural não sabe o que é regozijar-se na tribulação, mas o cristão sim. Ele sabe de todas as coisas cooperam conjuntamente para o bem daqueles que amam a Deus. Com relação ao inimigo, o homem natural pode ser passivo, resolvendo não revidar nem retaliar com muita dificuldade; não é, porém, capaz de amar o inimigo e reagir a ele conforme Jesus ensinou, como deve o cristão fazer. Finalmente, diante da morte, o homem natural talvez morra com alguma dignidade; o cristão, porém, ao morrer, estará entrando em seu lar eterno, na presença de Deus. Em suma, o cristão deve ser uma pessoa especial por causa da sua perspectiva do pecado, pois ele já se viu como alguém totalmente destituído da glória de Deus, que não merece nada por aquilo que é, mas que recebeu de Deus a graça manifestada em Cristo Jesus, que o perdoou quando ele nem merecia o perdão. Que direito tem ele de não perdoar os seus inimigos? O cristão é alguém que se tornou o filho de Deus, que está no relacionamento interno com o Criador, o que faz dele uma pessoa especial. Ele nasceu de novo e Deus tornou-se seu Pai espiritual. Se a natureza divina lhe foi proporcionada por meio da dádiva do Espírito Santo, então você não pode ser como outra pessoa qualquer, terá que ser diferente.
O que estão vocês fazendo além do que se espera? "Se não faz diferença, que diferença faz?" Esta pergunta já foi formulada anteriormente, mas ela questiona exatamente o grande diferencial que a vida do cristão deve fazer em relação à de qualquer outro homem que não pertença ao Reino de Deus. Não basta viver uma vida boa, moral e reta, indo à igreja com regularidade, fazendo suas orações, mas é preciso ir além, sendo sal e luz em um mundo que apodrece a olhos vistos e jaz em trevas.

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