“Portanto,
sejam perfeitos como perfeito é o Pai celestial de vocês”
(Mateus 5. 48).
Amar,
bendizer, fazer bem e orar por nossos cônjuges, amigos, parentes, irmãos da
igreja, pessoas caras a nós, conforme já foi dito, são ações que praticamos ou
deveríamos praticar. No entanto, Jesus quer que caminhemos além disso,
praticando as mesmas ações com relação ao inimigo.
O
evangelho de Jesus Cristo é um paradoxo. O caráter paradoxal do Evangelho foi
inicialmente enunciado por aquele homem idoso, Simeão, quando estava com Jesus,
ainda bebê, nos seus braços, quando disse que o menino "está destinado
tanto para ruína como para levantamento de muitos em Israel". Ruína e
levantamento são dois efeitos que o evangelho sempre proporciona.
O
cristão é essencialmente uma espécie especial de pessoa. Ele jamais poderá ser
explicado em termos naturais, pois é, na sua essência, um enigma. O cristão é
uma pessoa diferente das outras porque, com relação ao bem, ele faz o que as
outras pessoas também fazem, mas vai além das ações delas. No entanto, ele não
só faz mais do que as outras pessoas, mas faz o que o melhor homem natural não
pode fazer. Para tanto, espera-se dele que seja semelhante a Jesus Cristo.
Em
que o cristão deve ser diferente do homem natural? Em primeiro lugar, na sua maneira
de pensar: o homem moral e ético deseja viver dentro dos limites
estabelecidos pela lei, mas não leva em conta o espírito, a essência mais
profunda da lei, que deve ser o alvo do cristão. Em relação à moralidade,
a atitude do homem natural é geralmente negativa, procurando não praticar
coisas erradas; o cristão deve ser sempre positivo, com fome e sede de justiça
positiva, ou seja, a justiça do próprio Deus. Com relação ao pecado, um
homem natural sempre o vê como resultado de coisas que são feitas ou que são omitidas;
o cristão não visa apenas aos atos, mas vai aos propósitos do coração. Quanto à
atitude com relação a si mesmo, o homem natural até admite que não é
inteiramente perfeito; o cristão reconhece que, se não fosse a morte de Cristo,
ele nunca veria a Deus. Quanto ao relacionamento com Deus, o homem
natural pode até pensar nele como alguém que deve ser obedecido e temido; o
cristão ama a Deus, porque já chegou a conhecê-lo como Pai. Quanto à prática
do bem na vida diária, o homem natural geralmente faz muitas coisas boas,
mas gosta de manter um registro delas; o cristão é alguém que dá sem calcular o
custo, sacrificialmente, de modo que a mão esquerda nunca sabe o que a direita
está fazendo. Diante das tribulações, o homem natural não sabe o que é
regozijar-se na tribulação, mas o cristão sim. Ele sabe de todas as coisas
cooperam conjuntamente para o bem daqueles que amam a Deus. Com relação ao inimigo,
o homem natural pode ser passivo, resolvendo não revidar nem retaliar com muita
dificuldade; não é, porém, capaz de amar o inimigo e reagir a ele conforme
Jesus ensinou, como deve o cristão fazer. Finalmente, diante da morte, o
homem natural talvez morra com alguma dignidade; o cristão, porém, ao morrer,
estará entrando em seu lar eterno, na presença de Deus. Em suma, o cristão deve
ser uma pessoa especial por causa da sua perspectiva do pecado, pois ele já se
viu como alguém totalmente destituído da glória de Deus, que não merece nada
por aquilo que é, mas que recebeu de Deus a graça manifestada em Cristo Jesus,
que o perdoou quando ele nem merecia o perdão. Que direito tem ele de não
perdoar os seus inimigos? O cristão é alguém que se tornou o filho de Deus, que
está no relacionamento interno com o Criador, o que faz dele uma pessoa
especial. Ele nasceu de novo e Deus tornou-se seu Pai espiritual. Se a natureza
divina lhe foi proporcionada por meio da dádiva do Espírito Santo, então você
não pode ser como outra pessoa qualquer, terá que ser diferente.
O
que estão vocês fazendo além do que se espera? "Se não faz diferença, que
diferença faz?" Esta pergunta já foi formulada anteriormente, mas ela
questiona exatamente o grande diferencial que a vida do cristão deve fazer em
relação à de qualquer outro homem que não pertença ao Reino de Deus. Não basta
viver uma vida boa, moral e reta, indo à igreja com regularidade, fazendo suas
orações, mas é preciso ir além, sendo sal e luz em um mundo que apodrece a
olhos vistos e jaz em trevas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário