A identidade cristã nos dias atuais

terça-feira, 5 de novembro de 2019

18. COMO LIDAR COM A IRA

“Vocês ouviram o que foi dito aos seus antepassados: ‘Não matarás’, e ‘quem matar estará sujeito a julgamento’. Mas eu lhes digo que qualquer que se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento
(Mateus 5. 21-22a).

A justiça que excede a de escribas e fariseus é o ensinamento que Jesus vai reforçar até o final do Sermão do Monte. Não é o contraste entre a lei de Moisés e o ensino de Jesus, mas entre a falsa interpretação da Lei e a interpretação autêntica que nos foi oferecida pelo Senhor da Lei. Jesus deixou seis exemplos acerca de sua interpretação da lei de Deus em contraposição à interpretação dos escribas e fariseus, e o primeiro deles é “não matarás”.
"Não matarás" é um dos dez mandamentos, mas, ao dizerem "quem matar estará sujeito a julgamento", os doutores da lei reduziam o sentido do mandamento apenas a um caso de homicídio literal, num julgamento relacionado apenas ao juízo baixado por algum tribunal local, esquecendo-se do juízo divino. Todo aquele que aceitar apenas a letra da lei e se esquecer do seu espírito, do seu conteúdo e do seu sentido, pode-se persuadir de que é perfeitamente justo aos olhos da lei. Era o que acontecia com o jovem rico, que foi conversar com Jesus, e mesmo com Saulo, antes de se tornar Paulo.
Também nós podemos conceber a lei de Deus conforme a encontramos nas Escrituras, mas, ao mesmo tempo, defini-la e interpretá-la, transformando-a em algo que possamos observar com extrema facilidade, porque só a estamos obedecendo negativamente.
Jesus exprimiu seu ponto de vista em três momentos, e o primeiro deles  é novamente o erro no apego à letra da lei, mas não ao seu espírito. Não matar não é meramente não cometer um homicídio físico literal, mas inclui a ira no coração sem motivo contra algum irmão. A tragédia do povo israelita é que eles perderam de vista o conteúdo espiritual da lei. Tolerarmos a ira em nossos corações contra alguém é o mesmo que cometermos homicídio. Indo um pouco além, o desprezo ao próximo em forma de zombaria ou escárnio é uma atitude que acaba impelindo a pessoa a cometer homicídio, pelo menos no coração. O assassinato não envolve somente a destruição da vida física de outra pessoa, mas também a tentativa de destruição de sua alma e espírito, derrotando aquela outra pessoa de alguma maneira. A nossa Ira deve dirigir-se somente contra o pecado, jamais contra o pecador, pelo qual devemos sentir tristeza e compaixão. É o aviso de Paulo aos Efésios: “Irai-vos e não pequeis”.
Em segundo lugar, Cristo afirma que a reação a tudo isso não deve ser negativa, e sim positiva. Ele afirma que devemos dar passos positivos para nos reconciliarmos com o nosso irmão. É necessário primeiramente consertar a situação com o irmão e somente depois voltar e oferecer o sacrifício a Deus. Não podemos estar bem com Deus enquanto estivermos cometendo injustiça contra nosso semelhante humano. Obedecer é melhor do que sacrificar, dizem as Escrituras.
Por fim, Jesus está dizendo que todas essas ações são urgentes. O cristão precisa chegar a um acordo com seu adversário sem demora. Segundo o dicionário, ira é cólera, raiva, indignação, o que leva a um desejo de vingança. O ódio é uma paixão que impele a causar ou desejar mal a alguém. Esta é uma definição humana para o problema, mas as Escrituras afirmam que a ira não é nossa, mas do Senhor, quando for justa. Ela não pode tomar conta de nosso coração levando-nos a pecar e precisa ser administrada segundo a vontade de Deus.
Os fariseus e escribas sempre foram culpados de reduzir o sentido e até mesmo os requisitos da Lei. Eles já haviam despido esse mandamento do seu grande conteúdo, reduzindo-o meramente a uma questão de homicídio literal, sem nunca se preocupar com o juízo divino. Enquanto aceitarmos a letra da lei esquecendo-nos do espírito, podemos tentar nos enganar, persuadindo-nos de que somos considerados perfeitamente justos aos olhos da lei. A ira guardada no coração é homicídio. Nossa atitude diante da ira não deve ser negativa, e sim positiva: a reconciliação e depois a oferta. Finalmente, há uma urgência em tudo isso, face o nosso relacionamento com Deus

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