A identidade cristã nos dias atuais

quinta-feira, 25 de julho de 2019

7. MISERICÓRDIA

“Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia” (Mateus 5.7).

"Que tremendo teste para cada um de nós, quanto à toda a nossa posição e profissão de fé Cristã!" (Martyn Lloyd- Jones)
O dicionário define "misericórdia", do lado humano, como “dó, piedade, benevolência, perdão, bondade, compaixão suscitada pela miséria alheia”, ou ainda “sentimento de dor e solidariedade com relação a alguém que sofreu uma tragédia pessoal ou que caiu em desgraça”; do lado espiritual, ela é vista como “indulgência, graça, perdão, clemência”. Em sua origem latina, a palavra tem ligação com "miséria" (com o sentido de aflição) acrescentada à palavra latina “cor, cordis”, que deu origem a “coração” em português. O termo tem ampla aplicação em uma variedade de contextos éticos, religiosos, sociais e legais.
Nas bem-aventuranças, Jesus Cristo estava retratando e delineando o cristão e seu caráter. Se eu sentir aversão à sucessão de bem-aventuranças, isto significa que a minha posição é inteiramente contrária à do homem descrito nas páginas do Novo Testamento. As bem-aventuranças mostram verdades centrais e primárias quanto à posição do cristão: inicialmente, a ênfase é sobre o ser e não sobre o fazer – somos crentes em Cristo e o que fazemos é resultante desse fato; num segundo momento, constatamos que não controlamos o nosso cristianismo, mas devemos ser por ele controlados: é Cristo quem nos controla e não nós mesmos.
Paulo começa suas epístolas desejando "graça e paz da parte de Deus...", mas nas epístolas pastorais, ele inclui a misericórdia. A graça se refere à questão do pecado como um todo, mas a misericórdia focaliza as miseráveis consequências do pecado. A misericórdia denota um senso de compaixão e o desejo de aliviar os sofrimentos: é dó em parceria com ação. Nossa atitude para com as pessoas deve ser de profunda tristeza por todos aqueles impotentes escravos do pecado. O homem que se apercebe verdadeiramente de sua posição diante de Deus, de seu relacionamento com Deus, é um homem que necessariamente sente compaixão por seus semelhantes.
O homem misericordioso não só suporta as queixas, mas confere benefícios. Ele já ultrapassou a simples justiça e já chegou à busca daquilo que é bom, amável e generoso; por isso, ele procura realizar coisas amáveis para com seus semelhantes. O cristão não deve ser simplesmente misericordioso no sentido humano, demonstrando uma benevolência que deveria ser comum a toda humanidade, mas também deve denotar misericórdia num sentido superior e maior, uma misericórdia que unicamente o Espírito de Deus pode ensinar à alma do homem.
Quem são estas pessoas bem-aventuradas que alcançam misericórdia? Eram pessoas inicialmente humildes em espírito, que já haviam alcançado misericórdia suficiente para leva-las ao choro, atingindo também a graça da mansidão, tendo aprendido a ter fome e sede de justiça. A virtude peculiar atribuída aos bem-aventurados mostrava-os como pessoas possuidoras de benevolência para com os filhos da necessidade e as filhas da penúria. Essa misericórdia se estende ainda mais ao perdão pleno das ofensas pessoais contra elas. Sem esperar qualquer atitude positiva por parte das pessoas do mundo, um cristão genuíno sente misericórdia pelas almas de todos os homens e anela ansiosamente para que eles sejam levados ao conhecimento do Salvador, empreendendo ações para alcançá-los.

Examine-se, pois, o homem a si mesmo. Você sente compaixão por todos aqueles que são vítimas, que estão sendo iludidos pelo mundo, pela carne e pelo diabo? Você será realmente misericordioso e feliz se exercer a misericórdia para com todos os outros.

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